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Nova seção no site fala sobre livros e literatura GLBT

É surpreendente o fato de toda vez que publicamos uma notícia de “fofoca” de celebridade ou sobre o que acontece no Big Brother, e bastidores da TV, o número de leituras dessas notícias serem quase sempre altos. Os comentários também são muito interessantes, algumas pessoas do alto de sua intelectualidade comentam “cada um faz da sua vida o que quer”, “desliga a tv e vá ler um livro” ou “porque não deixam ele em paz”, “notícias como essa, são de jornalistas que não têm o que fazer”. Acho um pouco incoerente esse tipo de comentário. Gosto de tanta coisa que não tem porque perder tempo com coisas que não gosto. Tipo, se não me interesso por notícias de celebridade não tem motivo dar audiência para isso. Seja em jornal, revista ou Internet. Você tem a opção de não assistir, ver ou ouvir aquilo. Pensando em “desligue a tevê e vá ler um livro” que decidi fazer uma espécie de sessão aqui no A Capa com esse nome. Dizer isso é muito fácil e até simplista, mas eu sinto falta de um debate e de indicações, porque e o que ler, onde achar livros, como lê-los? Mesmo as comunidades sobre literatura GLS que encontro no orkut, acho um pouco evasivas. Então a intenção é indicar sempre um livro com temáticas sobre a homossexualidade para promover uma discussão de idéias nesse sentido. O primeiro livro escolhido para abrir a série é “O que é homossexualidade”, integrante da coleção Primeiros Passos e publicado pela editora Brasiliense, o livro segue a mesma linha da série “O que é…”, que aborda temas como ideologia, rock, pós-modernismos, aborto, recessão, indústria cultural, cinema entre outros títulos. A minha primeira impressão ao ver o livro na prateleira de uma biblioteca foi uma indagação. “Porque uma pessoa esclarecida e bem resolvida sobre homossexualidade leria um livro sobre isso, afinal eu sei o que é homossexualidade, convivo com isso a vida toda, sinto isso na pele diariamente”. Mas justamente esse motivo, achar que sabe tudo sobre homossexualidade é o principal pelo qual você que está aí na frente do computador poderia experimentar pegar esse título para ler. Ok, o livro diz que, sim, homossexualidade é uma coisa natural do comportamento humano. E que as pessoas nascem gays. Até aí a gente já sabe, mas essa idéia ainda não é aceita por muita gente. É nesse momento que é valida a leitura, ele dá mais argumentos para o trabalho de formiguinha que fazemos diariamente para quebrar preconceitos e traçar um pequeno panorama da homossexualidade em algumas sociedades. Como já faz um tempinho considerável que li, não lembro de tantos detalhes assim. Uma das partes que mais me chamaram atenção foi sobre a homossexualidade em algumas tribos indígenas da América Latina e da Amérca Central. Outra coisa que me chamou bastante a atenção foi como a homossexualidade era encarada em determinadas épocas, como pecado, crime, depois doença, até ter sido retirada da lista de doenças pela Organização Mundial de Saúde, quando deixou de se adotar o nome “homossexualismo” para se referir aos gays. Um fato importante registrado no livro foi a criação do grupo Somos, praticamente a primeira ONG gay do Brasil. Ao que me consta nunca tinha tido acesso a informações sobre o início da militância, e até, informações de que os gays se chamarem por predicados femininos acabou segregando um pouco o movimento GLBT, pois isso criou um certo mal-estar entre as lésbicas que achavam o movimento machista, na medida que apenas os homens gays tinham voz. Como tenho uma leve queda pelo feminismo, isso me ajudou a rever alguns conceitos e atitudes… Mais um caso que eu desconhecia também está no livro, sobre o protesto contra um delegado homofóbico em meados de 85, que fazia inúmeras batidas policiais em regiões como a Vieira de Carvalho e fazia prisões de toda sorte de GLBT. Houve um protesto com cerca de 1000 pessoas, gays, lésbicas, bis, trans, negros, mulheres e até representantes de movimentos estudantis e anarco-punks. Quando li, fiquei embasbacado. Na minha opinião esse protesto foi o embrião do que mais tarde ficou conhecido como “Parada Gay”. Ah sim, o livro foi escrito pelos antropólogos e professores universitários Peter Fry e Edward Macrae. Fiz uma rápida pesquisa em sites de livrarias pela internet e encontrei que os exemplares da edição estão esgotados, apesar disso, não deve ser difícil encontrar o título em sebos e bibliotecas públicas, é só questão de procurar e isso pode ser bem divertido.

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