O capítulo da novela "Ti-ti-ti" que foi ao ar na última terça-feira (7) promoveu um ótimo debate a respeito da união civil entre pessoas do mesmo sexo e do conservadorismo religioso.
Na cena, Jaqueline Maldonado (Claudia Raia) chega à casa de Bruna Soares Sampaio (Giulia Gam) e diz que deseja falar sobre o rompimento de Julinho (André Arteche) e Thales (Armando Babaioff). Ao saber do motivo da visita de Jaqueline, Bruna defende Julinho e diz que ele "jamais desagregaria uma família". Jaqueline logo esclarece que não existe "família desagregada".
A personagem de Claudia Raia revela que, na verdade, quer reaproximar os dois. Bruna, que é conservadora e católica praticante, diz que não entende o que está acontecendo e pede que ela explique. Jaqueline conta que o seu casamento com Thales era de fachada e que ela sabia da orientação sexual do "marido". O interessante é a forma como a novela desenvolve um debate raro entre novas relações matrimoniais e aquelas propostas pela Igreja Católica.
Bruna fica estarrecida com a notícia e começa a fazer uma defesa da instituição do casamento e de que se trata de algo "sacro" e que não pode ser usado dessa maneira. Jaqueline diz logo para a beata ficar "tranquila", pois eles não se casaram na igreja. Posteriormente, Jaqueline faz uma defesa de Thales, que apesar de estar no armário "é um homem digno".
Edgar Sampaio (Caio Castro), que acompanha o diálogo, pergunta com certa ironia se Jaqueline está pedindo a mão do Julinho a sua mãe. "Bom, se nós estivéssemos em um país onde o casamento gay fosse liberado, eu estaria pedindo a mão sim, mas como estamos num país de brucutus…", responde.
De maneira leve e sem ser politicamente correta, a novela "Ti-ti-ti" impressiona na forma como expõe a questão da diversidade sexual. Além de refletir sobre a falta de direitos da comunidade gay, também promove um debate sobre o conservadorismo religioso frente às novas formas de formatação familiar.
Confira a cena a seguir.