A família de Kaique Augusto dos Santos, de 16 anos, encontrado morto sob o viaduto Nove de Julho, em São Paulo, no sábado (16), já está convencida de que o jovem cometeu suicídio. Depois de diversas provas apresentadas pela polícia, Isabel Cristina Batista (foto), mãe da vítima, pediu desculpas por ter desconfiado das investigações sobre a causa da morte.
"Foi um choque. Ele não apresentava sinais de depressão. Eu só tenho a agradecer a todos que me ajudaram nesse momento tão difícil. Agora, vou apenas conviver com essa dor para o resto da minha vida", disse Isabel.
O advogado da família, Ademar Gomes, também reiterou a qualidade do trabalho feito durante as investigações. "A polícia agiu corretamente por registrar o caso como suicídio, pois não tinha indícios de que era um homicídio. Registrou como suicídio e continuou investigando", afirmou o advogado.
Ainda segundo Ademar Gomes, imagens de câmeras de segurança localizadas a cerca de 50 metros do local onde Kaique foi encontrado morto mostram o jovem sozinho. "Ninguém estava perto dele. Kaique estava cambaleando, e exames mostram que ele havia bebido no dia", declarou.
A polícia constatou que os machucados no corpo da vítima foram causados pela queda e pelo tempo que o cadáver ficou fora do refrigerador no Instituto Médico-Legal (IML). O corpo de Kaique foi reconhecido dois dias após o incidente. A análise preliminar aponta que o jovem caiu em pé e bateu no meio-fio.
Outro fator importante para definir o caso como suicídio foi o diário de Kaique, que tinha registro de mensagens de despedida. Em uma delas, o garoto diz que pretende tomar uma "atitude, uma decisão". Depois, é possível ler: "Adeus às pessoas que amo."
De acordo com o advogado, tudo indica que se trata de uma decepção amorosa. "Ele fala da vontade que tinha de casar, que não foi correspondida. A letra é dele, sem dúvida. Não há datas, mas é possível saber que são fatos recentes", afirmou Ademar Gomes.
Questionada sobre o estado emocional do filho, Isabel declarou que não sabia que Kaique estava passando por problemas. Sobre o fato de ser homossexual, a mãe afirmou que nunca rejeitou o filho.
"Se tivesse conhecimento, tentaria solucionar. Nunca rejeitei meu filho. Passamos o ano novo juntos, ele fez vários vídeos, sempre feliz, brincando e cantando. Se eu soubesse que ele estava com problemas, teria ajudado", desabafou.
Com o caso encerrado, a Polícia Civil quer ouvir agora o dono da casa noturna em que Kaique estava horas antes do incidente. Segundo as autoridades, é preciso apurar porque o jovem, que era menor de idade, conseguiu entrar no local e consumir bebida alcóolica.