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O Bar Branco

Tem gente que frequenta o bar da Lôca há anos – ou só vai de vez em quando, não importa muito – e nunca reparou nele na outra esquina. Também, ele fica ali quietinho. É um pouco menos fervido, é verdade, mas conta com os atendentes mais legais da cidade.

Lá sempre tem cerveja gelada, copo americano e os caras sempre arrumam um lugarzinho pra gente do lado de fora. Porque beber dentro de um bar é sofrível. A menos que esteja chovendo muito ou nevando. E ainda assim é uó.

Como o título entrega, estou falando do Bar Branco, claro. Aquele que de noite ocupa as calçadas com cadeiras e mesas amarelas – da Skol – que tem um toldo laranja e que fica ali, na esquina da Frei Caneca com a Peixoto Gomide. É um dos meus lugares favoritos para tomar uma cerveja na cidade.

Também pudera. Tenho um histórico tão grande de bons momentos ali que aquele bar vai ganhar um capítulo à parte na minha biografia depois que eu morrer. Adoro a simplicidade de lá, as paredes que sempre parecem mega engorduradas e o fato de ele ser o único que não passa cartão de débito, nem de crédito. Quem precisa de tanto luxo afinal?

Frequentar aquele bar toda sexta foi importante para o meu amadurecimento e para o fortalecimento das minhas relações e amizades, que se estenderam pra muito além daquelas cercanias. E olha que houve quem duvidasse disso.

Estar lá toda semana já faz com que a gente já se sinta em casa e às vezes nem pense em outras opções. Claro que nós, os frequentadores do epicentro da vida gay paulistana, acabamos sempre diversificando e marcando presença em todos os bares da região. Tudo depende da intenção do povo. E de quem chega primeiro no rolê.

Até porque o bar da Lôca tem também lá seus encantos, como o Zé das Medalhas e o Tesouro. Assim como seus inúmeros e diversificados personagens que sempre fazem de cada dia um episódio diferente desta série que é a nossa vida. E isso sem falar nas oportunidades de um flerte ou algo mais.

Mas o Bar Branco, ah o Bar Branco, dá até pra ir sozinho e ficar lendo alguma coisa, sem ninguém encher o saco. Sempre colam uns solitários por lá. E não, nem todos estão tanto a fim de encontrar uma companhia seja para qual fim for. E toda vez que eu vou pra lá acompanhado de mim mesmo o Carequinha sempre pergunta da Diana e da Bianca. Cartão Black, Platinum, Diamond nenhum nessa vida será tão acolhedor.

Lá eu conheci a Cintia – de quem, no começo, eu não fui com a cara – encontrei por um acaso a Kátia certa vez e levei até a minha mãe. Até da pichação do banheiro eu gosto. E ela é tão importante para o ambiente que periga o bar ficar descaracterizado se apagarem-na. Toda vez que vou mijar leio a frase com uma entonação e pontuação diferente.

Foi ali que eu aprendi a gostar de maionese e a porção de fritas é sempre boa. E o melhor de tudo. A cerveja custa só R$ 5.

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