Estudamos juntos certa vez. Mas ele era uma pessoa chata. Era não. É. Enfim. Acabei saindo do curso por motivos de força maior, mas tenho amigos que continuaram. Às vezes almoço com eles e vez ou outra falamos mal do tal figura.
Mas não assim um mal gratuito. Um mal porque o cara é mala, meio irritante. Pra mim, ele nunca fez nada de mais, mas suas perguntas mal formuladas e comentários nos momentos mais inadequados só me fazem soltar aquele simpático sorriso amarelo.
Outro dia comentamos em um desses almoços o seu perfil no Facebook. E eis que um desses amigos falou que o tal do cara mala passava a imagem de ser arrogante. Daí eu parei pra pensar cos meus botões…
O cara é chato e tudo que tem de ruim. Tem uma meia dúzia ou outra de vídeos bestas na internet, mas arrogante arrogante ele não é. Pode ser meio besta, metido a intelectualoide e o escambau, mas arrogante é uma característica que não lhe cai bem.
Daí foi inevitável pensar que sobre certas (muitas) coisas da vida a gente não tem muito controle. A gente pode até achar que está abafando ou que estamos por cima do topo e daí tumpf.
Alguém que está de fora, lá longe a nos observar, tem essa ou aquela impressão da gente, que não condiz muito bem com o que a gente quer mostrar. Isso quando essa impressão já não é uma ideia fixa. Porque aí não tem jeito.
Dificilmente as pessoas irão falar o que pensam na nossa cara e por mais que você procure tentar mudar sua imagem, seu esforço será em vão. Porque aquilo – aquela imagem que têm sobre você – já estará cristalizado.
E não há coisa mais difícil nesse mundo que fazer alguém mudar de opinião. Então a gente segue. Vivendo do jeito que dá. Sem tentar ligar muito para o que os outros acham da gente.
Tentamos nos policiar nas redes sociais. Pensamos um milhão de vezes antes de falar. Ou depois que já falamos – o que às vezes é inútil, vocês sabem. Ou nos calamos, para evitar mais confusão.
Então a gente segue. Vivendo do jeito que dá. Mas como?