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O cigarro e o velho jeitinho brasileiro

Clubes e bares de São Paulo correram para se enquadrar à lei antifumo que entrou em vigor na última quinta. Não há como burlar a lei, até porque a fiscalização promete ser eficiente e, como se sabe, as multas são pesadas.

Temendo perder clientes, os empresários, mestres na arte da improvisação, já aderiram ao velho jeitinho brasileiro: encontraram formas inusitadas para respeitar a lei e não sair no prejuízo.

No Mary Pop, onde estive no sábado, os adeptos ao cigarro tiveram que fumar, literalmente, na calçada. Ninguém se atreveu a fumar na pista, até porque os seguranças, visivelmente alertas para possíveis irregularidades, cercavam os grupinhos suspeitos.

Defendo a lei, mas acho que, apesar do alto investimento em publicidade, o governo não conseguiu ainda explicar os pontos nevrálgicos e mais contraditórios da nova legislação. Também questiono a forma como a lei é aplicada: tanto o estabelecimento quanto o fumante deveriam ser punidos. Meu medo é que, se se sentirem prejudicados, os donos de bares e boates repassem parte das multas para os cardápios, elevando assim os preços.

Nos países "civilizados", as pessoas respeitam as leis porque as multas são altas e costumam ser devidamente aplicadas. Afinal, ninguém é bonzinho. E, finalmente, além de investir na divulgação da lei, o Estado deveria, paralelamente, informar sobre seus programas antifumo. Um fumante, na maioria das vezes, não fuma porque quer, mas sim porque é viciado. Então cortem o mal pela raiz, ou seja, proíbam o cigarro, e invistam em projetos de conscientização. Assim todo mundo sai ganhando.

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