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O conservadorismo do mundo e o PLC 122

Uma série de coisas preocupantes tem acontecido no mundo nos últimos tempos. Ao longo do século XX a humanidade não passou nem um ano sequer sem guerra. O cenário atualmente é: crise financeira, conservadorismo avançando em diversos países – inclusive com um crescimento do pensamento neonazista, xenófobo.

Não há dia em que a palavra crise não está estampada nos jornais. Colunas e reportagens destrincham a situação. Explicam que a esquerda criou um monótono estado de bem estar social na Europa, causado por endividamento e acompanhado da falta de produtividade. É, dizem os especialistas, o que tem motivado a população insatisfeita a votar na direita e seu neoliberalismo from hell – principalmente nos países onde o desemprego está na faixa dos 40%.

Não sou nenhum entendido em economia e política internacional. Mas esse avanço de ideias mais conservadoras me deixam bem preocupado e bem desanimado. É como se o mundo estivesse ficando um lugar mais chato para se viver. Você acorda e entra nos grandes portais de notícias. Clica em todas as notas.

No final do dia, passadas muitas horas, a impressão é de que as notícias são as mesmas e mais nada de importante aconteceu ali. Os assuntos também parecem só fazer bocejar. Causam um danado arrefecimento. Tudo muito asséptico, limpinho. Ninguém mais perturba a ordem nesse país? Só Bolsonaro e Rafinha Bastos?

Cadê as contestações de verdade, os grandes pensadores? O movimento social? E o sexo, gente? Ninguém mais faz sexo? Vocês todos estão muito estressados, nervosos, insatisfeitos. Queria uma pesquisa séria sobre a vida sexual do brasileiro. Pra entender direito o que se passa com vocês e pra não me sentir mais quase um celibatário.

Se envolver com as pessoas. Transar. Está cada vez mais difícil. Amar alguém então, se entregar? Tá mais fácil terminar Super Mário 3 do Super Nintendo. Até a pornografia e a pegação está vetada nos manuais de conduta da nova moral vigente. Francamente.

Também está difícil formar opinião. As pessoas que já tem as suas opiniões formadas sobre as coisas podem levantar as mãos para os céus e agradecer. Há um debate no momento sobre o PLC 122/06 – que criminaliza a homofobia – que deve ser colocado em votação amanhã na Comissão de Direitos Humanos do Senado.

Ao que tudo indica, parte do texto do projeto foi cortado em uma negociação da Marta com Crivella e setores da igreja. Há um monte de gente contra e gente séria. Do Pomba ao Jean Wyllys, passando pelo Vitor Ângelo. Diz que o Luiz Mott e o Beto de Jesus também são contras o texto atual. E agora, José? Que posição tomar? O que do projeto foi mudado? O que vai acontecer se o PLC for aprovado como está? A comunidade ganha ou perde?

Acompanhei por uns três anos a trajetória do PLC 122/06 assim que ele chegou ao Senado. Na real, o A Capa foi um dos poucos sites que noticiou esta conquista, que só aconteceu porque os deputados contrários ao projeto deram uma cochiladinha às vésperas do recesso daquele final de 2006.

Este site noticiou uma série de tentativas em que a então senadora Fátima Cleide tentou colocar este projeto à votação. Todas travadas por pedidos de vistas mal intencionados de gente baixa como o Crivella e permitidas pelo próprio regimento parlamentar. Com a Marta a visibilidade do PLC aumentou. A imprensona parece ter acordado para o assunto – talvez por conta dos ataques homofóbicos no Rio e em São Paulo.

Ainda assim não sei que posição tomar em relação a isso. Tenho só uma leve impressão de que aprovar o PLC 122 – mesmo com o texto alterado no que diz respeito aos religiosos – pode sim ser bom. Os dois lados, nas no entanto parecem ter fortes argumentos válidos. E parecem ficar se atacando. O que faz cair um pouco a qualidade do debate.

Ontem chegaram até em falar em censura no Twitter à tag sobre o PLC 122. Será? Não é esse o tal vitimismo gay que o Aguinaldo Silva se refere? A tal da tag não virou Trending Topic – ou virou? Acabei nem acompanhando, confesso – por falta de adesões/menções ou censura do Twitter? Enfim. Só algumas reflexões. Agora cês que se resolvam aí. Da minha parte, só espero é não cair na malha fina da Receita amanhã.

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