Menu

Conteúdo, informação e notícias LGBTQIA+

in

O discurso machista entre gays

 Costumamos comentar nas rodas  de conversas a respeito das várias esferas de poder: estatal, político, jurídico, policial e o midiático. E quase sempre estamos a falar mal desse poder, que é um tanto repressor, que não nos reconhece enquanto pessoas pagantes de imposto, votantes e cidadão. Somos praticamente ignorados pela constituição.

Porém, quando ficamos muito centrados nesse tipo de crítica esquecemos o que estamos criticando e a causa dessa crítica. Por que não podemos adotar? Servir o exército, sendo assumidamente homossexual? Por que o crime contra homossexuais não é tipificado? E a união civil entre gays, que já está há 15 anos no congresso, por que? Algumas respostas: vivemos em um estado liberal, essencialmente hétero masculino e machista, e este aqui é a raiz de boa parte de nossas críticas.

O homem gay é reprimido e exortado por conta do machismo dos homens héteros, a mulher lésbica é alvo do machismo desse homem HT, de seu fetiche (quantos de nós já não ouvimos a respeito do fetiche heteronormativo em transar com duas mulheres) e elas também são vitimas da homofobia masculina e feminina. O machismo também é o responsável pelos males as/ aos transexuais e as travestis. Ou seja, a comunidade homossexual é vítima desse machismo/homofobia. Seja em forma de atos físicos, ou em discurso.

E o discurso é a mola que sustenta todos os poderes citados lá no primeiro parágrafo.  É ele que faz com que todas as formas de representação sejam heteronormativas e voltadas para o estilo de vida hegemônica. Mas, quanto de nós gays, lésbicas, travestis e transexuais não reproduzimos o status quo machista? Se não, o que dizer do preconceito de gays contra os efeminados? E, das mulheres lésbicas másculas as lésbicas femininas? Machismo heteronormativo.

Além das leis normatizantes, há todo um discurso heterosexista e masculino, também homogêneo e que é construído há mais de dois séculos e impressionantemente se perpetua entre homossexuais. Não adianta tornar uma orientação sexual diversa legal, se o sujeito não se liberta do discurso de poder heteronormativo e ainda o reproduz. Os gays passivos são tratados como pessoas inferiores frente aos homossexuais “viris”.

Só prever os homossexuais de leis nada irá valer, se a raiz do problema, o modo operante social hegemônico hetersosexual e machista, não for eliminado da cabeça de meninos gays.  Enfim, as leis são necessárias e urgentes, mas também é preciso eliminar a causa da opressão machista e esta reside no discurso, o mecanismo mais perverso de repressão social que se prolonga culturalmente e muitas vezes inconscientemente na cabeça de alguns.

Sair da versão mobile