Uma personagem lésbica questiona e afronta, com sensibilidade e ironia, o conflito entre a identidade que se possui e o corpo que se tem, o peso dos rótulos e a necessidade de se libertar deles. Com esse ponto de partida, o espetáculo “O Espaço entre Rosa e Azul”, que estreia no dia 18 de setembro, no Teatro Sesc Garagem, provoca uma reflexão sobre a dualidade macho-fêmea e as diversas possibilidades que existem entre esses dois padrões. No palco, o grupo de dança contemporânea Dança Pequena faz uma provocação: existem apenas dois caminhos possíveis?
Dirigida pelo coreógrafo e bailarino Édi Oliveira e interpretada pela bailarina Danielle Renée, a performance brinca com os signos e fetiches que ilustram os comportamentos masculinos e femininos aceitáveis. A imposição limitante do padrão biológico como definição de gênero é o ponto central.
“Papéis de gênero e comportamentos sexuais têm sido construídos há séculos a partir desse binômio. Nesse contexto, qualquer indivíduo que manifeste sua sexualidade de maneira distinta é taxado como transgressor e é colocado à margem”, aponta Oliveira, professor de dança contemporânea e bailarino da companhia BaSiraH.
De maneira poética, o espetáculo rompe com esse contraste, que pressupõe a heterossexualidade como normal geral. A sexualidade é tratada como aspecto complexo, que compreende sexo, identidade e papéis de gênero, orientação sexual, erotismo, prazer, intimidade e reprodução. Retrato complexo que resulta de dezenas de variáveis, como idade, cultura, classe social, experiências sexuais, afetivas e familiares.
O resultado disso, para o diretor, são identidades flexíveis, em constante mudança, e até mesmo contraditórias. “É inadmissível que nosso erotismo e afetividade estejam fadados a seguir uma cartilha pré-determinada, que nos diz para seguir apenas à direita ou à esquerda”.
No espetáculo, a personagem lésbica alinhava todas essas questões e revela os conflitos de quem se encontra no espaço entre o forte e frágil, o rosa e azul. Esse embate permeia a performance no corpo e nas sensações da intérprete, que já passou por companhias como BaSiraH e Anti Status Quo. “A ideia e mostrar que a sexualidade, apesar das pré-concepções dos modelos feminino e masculino, é fluida e pode ter variadas faces. E isso é natural a qualquer indivíduo, independente da sua orientação sexual”, resume Danielle Renée.
Serviço:
O espaço entre rosa e azul
Data: 18, 19 e 20 de setembro
Horário: 21h (sexta e sábado) e 20h (domingo)
Local: Teatro Sesc Garagem – 913 sul
Ingresso: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia)