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O filhote

Ontem por volta das 0h buscava algo para assistir na televisão, com a cabeça tensa e o humor um tanto amargo por conta da eleição, queria apenas imagens, palavras apenas de legendas. E, acabei que por assistir um dos melhores filme com temática gay. Bendita hora em que sintonizei o Telecine Cult!

A produção em questão se trata de "O filhote", no original "Cachorro". A obra tem como ponto de partida quando a irmã de Pedro (José Luis García Pérez) passa em sua e pede que ele cuide por uns tempos de seu filho, Bernardo (David Castillo) de apenas 9 anos, enquanto ela faz uma viagem para a Índia, acontece que a tal viagem se trata de tráfico e a irmã de Pedro é detida no país.
Como boa parte do mundo já sabe, as leis da Índia frente às drogas são radicais e ela ficará por muito tempo presa.

Portanto, agora Pedro terá que assumir o menino, mas ele nunca havia pensado em tal hipótese, até a rejeita de inicio, considera a sua vida um tanto tensa para abrigar um garoto de 9 anos: ele é gay, soropositivo e faz parte dos ursos (sigla designada para gays fofos). Sem escolha, ele resolve bancar o pai. E é aí que o filme pega.

Pedro e Bernardo desenvolvem uma relação profunda de cumplicidade, a criança o toma com um espelho, fonte de inspiração. Porém, essa relação é recíproca, o tio também começa a rever a sua vida por conta do garoto, se apega ao menino. O filme também ganha por outro motivo: a forma como retrata a vida gay ursina da capital espanhola Madri.

Ha cenas em cinemão, saunas e festas para ursos, inclusive, uma delas é organizada no apartamento de Pedro. Os amigos percebem que ele está sobrecarregado por conta da criança e da situação da irmã e fazem uma festa surpresa regada a muito cabelo e colocação. Em outra cena, Pedro se locomove para um viaduto na periferia de Madri onde, embaixo dele, rola uma pegação, uma espécie autorama só que na Espanha.

A coisa fica ainda mais feia e emocionante no filme quando surge a avó de Bernardo por parte do pai, que faleceu de overdose e ela culpa a irmã de Pedro por conta disso. Por não concordar com o estilo de vida do protagonista ela contrata um investigador para segui-lo e tirar fotos de suas aventuras. Vendo-se encurralado por advogados  ele é obrigado a concordar com ela em mandar Bernardo para uma internato, onde ela acredita ser o melhor para o garoto que, a todo momento refuta tal decisão.

Os dois se reencontram dois anos depois, tanto a cena da separação e do reencontro é difícil conter as lágrimas. Bom, eu no final me acabei, mas fique tranqüilo não é um fim trágico. Enfim, o longa é excelente, primeiro por tratar de um nicho da população gay que alvo de preconceito entre os próprios gays, outro ponto positivo são as cenas explicitas de beijos, sexo e até do uso drogas. Faz retrato de uma vida gay sem ser clichê tampouco apelativo, ou dramático demais. Eu aconselho o filme, mas acho difícil achar em locadora. Eu nunca tinha ouvido falar do filme, e olha que sou fã de cinema e, ao conversar com amigos descubro que o filme deu o que falar sim. Hoje "O filhote" está entre os melhores filmes gays que assisti, juntamente com o "Felizes juntos" do polêmico diretor Wong Karway, que também é foda!

Aqui um trailer do filme:

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