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“O futuro, a Deus pertence…”

… o que me deixa realmente preocupada!
 
Não que eu não confie em Deus, pelo contrário, confio e muito (mas é bom salientar que tenho uma interpretação bastante diferente – para não usar a palavra diferenciada – sobre o que seja e como se manifesta a divindade). O problema, meu amor, é que no Brasil Deus tem uma caralhada de representantes e de pessoas que falam em seu nome, ou seja, são como verdadeiros procuradores do Divino. Mais ainda, fico muito preocupada porque, neste país, o Congresso está cheio destes representantes da vontade divina que não entendem, ou dão de loucos, e fingem não entender o significado do termo "Estado laico".
 
Isto posto, vamos ao post de hoje propriamente dito… Eu sei, mona, tá todo mundo falando sobre a tal suspensão do kit contra homofobia, ou o "kit gay", como apelidou o tal deputado sem muita importância e sem projeto. Tenho uma postura bastante crítica em relação à proibição da distribuição do material, à presidente Dilma, ao PT e também à forma nojenta como a grande imprensa vem abordando o tema, principalmente os meios de comunicação que são administrados por lideranças religiosas. No entanto, não quero falar sobre a tal cartilha e sua suspensão… Não por hora. Prefiro deixar as coisas acalmarem e observar como as lideranças da militância vão conduzir a coisa em si, pois, segundo vi nas redes sociais, parece que coisinhas serão tratadas na próxima semana… Vamos aguardar!
 
Enquanto isso, na sala da justiça… (ai, olha eu lembrando os tempos de infância)… Queria falar de algo que aconteceu comigo esta semana. Pra quem me segue no Facebook, viu que eu contei a história de um rapaz, da Nigéria, que me adicionou e depois simplesmente sumiu ao "descobrir" que eu era uma drag. Resumindo, a história foi assim: aceitei, cerca de três dias atrás, o pedido de amizade de um rapaz que tinha apenas uma amiga em comum, uma professora que conheci, também pela rede social. Aceitei e dois dias depois ele veio falar comigo pelo bate-papo do próprio portal e começou a me elogiar, dizer que tinha gostado de mim e que me achara muito bonita. Perguntou até se eu era casada. Em dado momento da conversa ele me perguntou o que eu fazia da vida e disse a ele que era ator, trabalhava com cultura e também era drag queen. Foi aí que a coisa começou a ficar confusa. Ele me perguntou "O que é drag queen?". "Você não sabe o que é? Nunca assistiu Priscilla ou algo do tipo?", perguntei. E ele respondeu negativamente às duas perguntas. Quando eu expliquei do que se tratava ele ficou tão perplexo, tão inconformado que me perguntou: "Mas por que você usa roupa de mulher se você é homem?" e sem me dar muito tempo para explicar, me deu um boa noite meio seco e desconectou. Achei a história tão surreal, tão engraçada, que postei na mesma hora no meu perfil do Facebook…
 
Mas depois, Vagno, um amigo da internet, me fez pensar em como deve ser difícil a realidade de um homossexual na Nigéria, ou mesmo na África. Me lembrei de notícias de homossexuais que são arrastados e humilhados em praça pública, de lésbicas que sofrem o "estupro corretivo" e trans que são assassinadas no continente berço do mundo. Afinal, não podemos esquecer, na África, muitas culturas ainda são praticamente tribais (quando não o são de fato), ou então, o islamismo é tão influente quanto o cristianismo no Brasil. E tal como cá, a vida de um homossexual africano não é nada fácil…
 
Ainda bem, no Brasil, pelo menos, as coisas são um pouco diferente (mas nem tanto…). Não temos ainda uma lei que criminalize a homofobia, mas não temos nenhuma ou nenhum projeto de lei que puna a homossexualidade com a morte… Graças a Deus! Quer dizer… Melhor não dizer "graças a Deus", se não, é capaz da bancada religiosa – que pelo visto tem bastante influência sobre o governo federal – querer propor algo do tipo, em nome da divindade que eles representam!
 
O futuro, presidente Dilma, pode até pertencer a Deus, mas depende das nossas ações e omissões no tempo presente!
 
Tá dado o recado…

Beijo, beijo, beijo… Fui…

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