in

O gay visto pelos Outros

Interessante ver um cara como o Arnaldo Jabor, cineasta da turma do Glauber Rocha e hoje jornalista, falar sobre os gays e afirmar que a nossa "não caretice" incomoda os políticos. Para quem costuma ler os artigos dele publicado no jornal O Estado de São Paulo tal declaração é uma surpresa. Visto que muitas vezes ele tem posicionamentos reacionários e conservadores demais. Glauber deve se remexer no caixão. Enfim…

A fala de Jabor nos revela um símbolo cultural com amplas significações. No caso, como parte dos heterossexuais enxerga a comunidade gay. Muito comum é escutar dos nossos amigos HT, ou estranhos até, que a comunidade gay é feliz, festiva, que entre os meninos a amizade é forte, que são um exemplo de união, que somos libertários no quesito sexo e por aí vai. Isso sem entrar na visão homofóbica.

E como será que o gay enxerga o gay? Se a neca é grande, se a calça é de grife, se ta com barriga, se é muito afeminado, se tem colocação para compartilhar com as "amigas", as sapatas são uó, bicha pão com ovo, bicha fina, quero ser amiga dela, quero entra VIP, ela mora sozinha… Bom, você pode dizer que fiz um recorte porco, mas pense bem nas rodas de conversa, não em sua totalidade, é claro…

Ambas as visões implicam em revelar o sujeito recalcado: gostaria de ser livre sexualmente como os gays, gostaria de ter a calça Diesel que a bee tem, ai como ela é hype e conhece gente legal, gostaria de ser menos careta, olha como os homossexuais são mais livres… Na verdade nem um e nem outro são o que mostram. Somos de verdade na frente do espelho. Conhecemos o nosso corpo de frente para a imagem refletida. A partir daí nos criamos e projetamos o reflexo que gostaríamos de ter para a sociedade. É o recalque que, quase sempre nos constitui enquanto sujeito.

Talvez Jabor se referisse a festividade da comunidade gay, pois, sim, não podemos negar que somos uma comunidade que sim, gosta e muito de uma festa e sexualmente, pode até ser, somos um tanto mais livre… Porém, quem vive a comunidade gay sabe o quanto somos conservadoras e conhece a quantidade de bicha que deseja se casar na igreja e dizer amém a uma filosofia que nos condena a marginalização.

Visto de fora tudo é mais fácil e mais bonito. Quando entramos descobrimos, que indiferente da orientação sexual, o ser humano é recalcado e esta sempre a desejar e reparar o próximo. Perde tempo com o caminhar do Outro e esquece da sua existência em si. 

Promoção Sua História vira um Conto Erótico

Grife norte-americana lança novas camisetas pró-gays