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“O jeito é ficar trancado em casa”, diz vítima de agressão homofóbica em Campinas

Na noite do último domingo (10/08),  Fábio Custódio, professor de história e ex-coordenador do Sindicato dos Servidores Municipais de Campinas, e seu namorado, o webdesigner Josevaldo de Jesus Reis, conhecido como "Marcelinho", voltavam de um bar e ao passar pelo cruzamento das ruas Barreto Leme e Dr. Quirino, foram surpreendidos por um carro que passou por eles em alta velocidade, retornou na contramão e os cercaram.

Do veículo desceram quatro homens xingando os dois de "viado" e logo partiram para a agressão. Fábio Custódio (foto) caiu no chão, foi cercado por três dos agressores e espancado. Seu companheiro, Marcelinho, conseguiu escapar e tentou pedir ajuda em um prédio, mas o porteiro não permitiu que ele entrasse. Marcelinho começou a gritar por socorro, algumas pessoas pararam e ajudaram o casal, fazendo com que o bando fosse embora. Em entrevista ao A Capa, que você confere abaixo, o namorado de Fábio conta que na cidade de Campinas existe apenas uma viatura da Polícia Militar para fazer ronda a noite, e que autoridades "não tem feito nada para diminuir tais ocorrências".

Como está o seu companheiro no momento?
Ele acabou de ser liberado do hospital. Teve que passar por uma cirurgia no braço direito que foi quebrado durante a agressão. Está de licença do trabalho e ficará se recuperando em casa. Mas, o seu rosto está todo machucado.

Você também sofreu agressões?
Eu fui agredido, mas quando eles desceram do carro o Fabio caiu no chão ao tentar fugir, aí eles ficaram batendo nele. Enquanto eu corria, um foi atrás de mim. Quando tentei entrar no prédio e o porteiro não deixou, o cara me bateu mas não tive conseqüências tão graves como as de Fábio.

Vocês fizeram Boletim de Ocorrência?
Vamos fazer agora, pois quando a pessoa é agredida e vai pro hospital não pode faze. Só depois. Vamos pedir também a liberação das câmeras do prédio que registrou a agressão na rua e também das câmeras que tem pela cidade.

Vocês já passaram por situação semelhante?
É a segunda vez. A outra, por incrível que pareça, foi na mesma época. Estávamos em três e não sofremos tanto como essa.

Vocês conseguiram notar se eles tinham características de carecas?
Eles não tinham nenhuma característica, o que nós desconfiamos é que eles já estavam nos seguindo, pois passaram por nós e começaram a nos xingar. De repente voltaram com o carro em alta velocidade e desceram sem nos dar tempo de defesa. Já foram agredindo direto.

Este tipo de situação tem ocorrido com muita freqüência em Campinas?
Ultimamente tem acontecido muito isso. Teve um casal que há pouco, ao sair de um Karaokê, apanhou. Teve também um rapaz que apanhou no dia da Parada gay daqui .

As autoridades locais (PM e Prefeitura) têm atuado para diminuir estes casos em Campinas?
De forma alguma. Não têm atuado em nada. Para você ter uma idéia, o policial nos disse que eles têm apenas uma viatura para fazer ronda nessa hora (madrugada).

Por ser a segunda vez que passam por uma agressão decorrente da homofobia, há algum trauma em vocês?
Já na primeira agressão eu tinha ficado com trauma. Me recuperei. Agora estamos assustados. Vamos ficar ‘presos’, não tem como sair desse jeito. Nas duas ocasiões nós fomos agredidos, e na terceira, vai a óbito?

E os agressores já foram identificados ou presos?
Os primeiros foram presos, mas logo depois liberados. Depois fomos ameaçados de que se continuássemos com o processo, eles iriam atrás de nós. Até um amigo nosso, que eles descobriram o telefone, foi ameaçado. O jeito é ficar trancado em casa.

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