O diretor Jorge Furtado
A Universidade Anhembi Morumbi, onde atualmente curso meu mestrado, promove até amanhã o I Simpósio de Estudos de Cinema e Audiovisual. Na pauta, a experiência do cinema e do audiovisual brasileiro hoje.
Ontem, a mesa de abertura contou com as presenças do roteirista e diretor Jorge Furtado (O Homem que Copiava, Decamerão), do crítico de cinema do jornal Folha de S. Paulo, Inácio Araújo, e da professora Consuelo Lins, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cuja pesquisa tem como foco a linguagem do documentário.
O encontro foi bastante proveitoso e inspirador, principalmente quando o assunto foi a televisão e sua contaminação pelo cinema. Inácio Araújo, por exemplo, disse que não acredita numa indústria de cinema no Brasil, que ele ainda busca sua identidade desde pelo menos 1990, ano em que o governo Collor extinguiu a Embrafilme, orgão responsável até então por patrocinar e promover a produção cinematográfica nacional.
Mas quem simplesmente encantou a plateia foi Jorge Furtado. Espirituoso e engraçado, o diretor leu um texto simples mas brilhante, no qual revela suas angústias e preocupações quanto ao papel – e ao lugar – do cinema nos tempos de hoje.
Eis um trecho que, para mim, denuncia as ambições dos produtores, pensadores e de (alguns) pesquisadores de cinema no país:
"Crises de linguagem denunciam, sempre, crises de pensamento. Se vocês, acadêmicos, pessoas sérias, inteligentes, movidas pelas melhores intenções, excluem o que chamam de cinema daquilo que chamam de audiovisual, universo ao qual o cinema inequivocamente pertence, é porque a idéia de cinema está em crise. E é claro que está."
O texto na íntegra pode ser conferido aqui. Vale a pena para refletir sobre os novos rumos do cinema nacional.