Jean Wyllys, 35, ficou conhecido no Brasil inteiro por ser o primeiro gay a vencer a quinta edição do Big Brother Brasil. À época, quando concorria a 1 milhão, ele alegou que a sua indicação ao paredão se tratava de homofobia. Com isso, ganhou a simpatia de todos e revelou ser mais que apenas um BBB.
Posterior a sua vitória, ele lançou o livro "Ainda lembro", que se tratava da época do seu confinamento na casa. De volta a vida real, ele iniciou uma coluna na revista G Magazine onde tratava de questões e dilemas referentes à vida gay. A coluna foi extinta no ano passado com a mudança na direção da revista, mas parte dos textos publicados acabaram de sair em uma compilação recém lançada que recebeu o nome de "Tudo ao mesmo tempo agora" e teve o seu lançamento na segunda-feira (06/07), na livraria Cultura do Shopping Market Place.
Antes do início da sessão de autógrafos, Jean Wyllys conversou rapidamente com a reportagem do A Capa. Em tempos de final no Big Brother, a conversa não poderia ser outra. Indagado sobre a especulação da sexualidade dos participantes, Jean disse não entender porque ficar atrás disso. Sobre os BBBs que tentam carreira artística, ele disse que a Grazi Massafera é uma "exceção". O professor universitário alfinetou ainda o ex-BBB Marcelo Arantes. Confira a entrevista na íntegra a seguir.
Depois de sua participação no Big Brother, acredita que uma nuvem gay paira sobre o programa?
Não sei se há uma nuvem gay, mas acredito que uma participação gay em um programa só é relevante politicamente se essa pessoa tiver orgulho e for positiva. Agora, se ele for uma nova caricatura de gay, se está lá para reproduzir os lugares subalternos que de alguma maneira já existe nas mídias, não terá nenhuma relevância.
E a especulação que a mídia faz em cima da sexualidade dos participantes?
Eles ficam especulando a sexualidade dos caras, mas eu não vejo porque especular se o cara diz que não é (gay). Bacana pra gente é quando o cara assume que é e tem orgulho de ser.
O que você achou da participação do Marcelo Arantes?
O Marcelo Arantes como representação pública não tem relevância nenhuma. Ele não é nada.
Você sofre mais preconceito por ser gay ou ex-BBB?
Por ser gay. Por ser ex-BBB eu só sofro preconceito no meio da inteligência gay, de uma certa parcela, outra não. Você pôde ver a Vange dizer que adora o programa. Mas, há esse preconceito e eu sobrevivo a ele com tranquildade. Até porque mostro que sou diferente com o meu trabalho.
Como você vê os BBB que tentam carreira artística?
Cara, eu acho uma bobagem a cobrança por carreiras artísticas. Aquilo é uma gincana pública que acaba. É uma burrice da imprensa que cobre celebridade cobrar das pessoas que participam de reality shows que elas continuem no espaço público, sendo que são coisas que elas nunca fizeram na vida.
E a Grazi Massafera?
Ela é uma exceção. Primeiro porque ela é linda, porque ela está dentro do binômio juventude x beleza que a televisão precisa para gerar o entretenimento. E a TV é isso: juventude e beleza. Ela gera conteúdo a partir disso, então é o lugar dela. O meu lugar é o que sempre ocupei: sou jornalista de formação e de trabalho, sou escritor muito antes da minha participação do Big Brother e isso eu continuo fazendo.
Faz falta termos parlamentares gays?
Sim, faz muita falta. A gente só vai conseguir leis com representação, sem isso não teremos.