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“O MEC é o Ministério mais arcaico e homofóbico”, diz Fernanda Benvenutty

A manhã de segunda-feira (20/04) no III Congresso da ABGLT foi marcada pelos grupos de trabalhos temáticos, de onde saíram as diretrizes para a atuação política das Ongss de todo o Brasil. Mas, foi o debate sobre as conferências e educação que centralizaram os encontros.

Para falar a respeito das conferências foi convidado Werber Avelan, da Secretaria da República e, para discursar sobre a Conferência Nacional de Educação (CONAE), o plenário teve a presença de Francisco Chagas, Secretário Executivo- Adjunto do MEC. Esta foi a pasta governamental com o maior foco das criticas dos participantes.

Werber fez um panorama a respeito de todas as conferências realizadas. "Chegaremos ao fim do mandato de Lula com mais de cem conferências feitas" e disse que a grande diferença entre o governo atual e o anterior é que "neste a sociedade civil é chamada para participar", concluiu.

O representante do MEC fez uma extensa apresentação de toda a metodologia a ser aplicada na CONAE e refletiu sobre a questão da educação no Brasil. "Em certa ocasião o presidente Lula disse que esse país tem uma grande dívida com os LGBTs, mas também tem com a educação, pois ainda são milhões de pessoas analfabetas", afirmou. Depois ressaltou que o tema da diversidade sexual será incluído e tratado em parceria com a ABGLT. "Nos materiais de divulgação nós colocaremos os banners da entidade", revelou Chagas.

Após as falas dos representantes foi aberta a fala ao plenário e não sobrou pedra sobre pedra para o MEC. O primeiro a falar foi Beto de Jesus, que além de ativista também é educador. "Temos um problema gravíssimo com o MEC. Há uma secretaria no Ministério que deveria cuidar desse tema, mas isso não acontece", desabafou. Beto revelou que um beijo lésbico incluído no material de divulgação do projeto "Escola Sem Homofobia" foi censurado pelo órgão. "Isso é um absurdo, pois existem vários materiais onde há beijos heterossexuais", concluiu.

Fernanda Benvenutty suspeita que mais uma vez as travestis e transexuais ficarão de fora do debate sobre educação. "O MEC é hoje o ministério mais arcaico e homofóbico", declarou. Ela alertou ainda que as travestis e transexuais têm que ir até o MEC e gritar pela aprovação da portaria que obriga no âmbito federal o uso do nome social nas matriculas escolares. Por fim, disse a Chagas que "as travestis não estão na escola por causa da homofobia do corpo docente e dicente". Para ela, a Conferência de Educação é a mais importante de todas. "A educação é a mola mestra", declarou.

Chagas afirmou não ter conhecimento das coisas que ali foram criticadas. "O Ministério é muito grande e há varias pastas. Quero que vocês me encaminhem uma cópia com todas essas coisas aqui citadas", pediu. Depois disse entender as cobranças e reconheceu que certas medidas demoram para acontecer. "A conferência de saúde tem propostas que foram deliberadas no quarto encontro e até hoje não foram realizadas e são de extrema importância". No final, o diretor djunto declarou que "a função do movimento é cobrar".

Após o término da mesa e do jantar, aconteceu uma apresentação da festa Chiquita, clássica comemoração das travestis de Belém, realizada anualmente após a trasladação da imagem de Nossa Senhora de Nazaré, considerada profana pela Igreja Catolica.

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