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O Mistério do Samba

Na segunda-feira [21/09] feira fui assistir o documentário "Mistério do Samba", doc que retrata a velha guarda da Portela.  A cantora e compositora Marisa Monte resolveu em 1997 se debruçar sobre o tema e fazer uma pesquisa a respeito dos grandes compositores da Portela, além de fazer um levantamento da historia desse grupo, ela resgata sambas que nunca foram gravados, a maioria deles dos anos 50/60/70, pois, mesmo sendo clássicos do samba nunca Havia sido gravados.

E o resultado desses onze anos de pesquisa de Marisa resultou em um excelente trabalho dirigido por  Lula Buarque de Holanda e Carolina Jabor. São takes incríveis com os depoimentos das personagens e imagens do subúrbio carioca. Falo com toda a certeza de que é um dos melhores documentários que já assiste – entre gringos nacionais – é uma pena que em nosso país pouco se invista nesse gênero cinematográfico. Bueno, mas já foi pior.

Eu não sou um grande apreciador de samba, sou fã da Marisa Monte, na minha opinião a melhor e mais competente cantora de MPB, dos anos 80 pra cá. Então, o grande barato do Mistério do Samba é que, não estamos apenas frente a uma parte da ignorada história brasileira, é também um estudo sociológico sobre o carnaval, poesia que não está em livro em algum e da música brasileira.

Esse samba das antigas muito me atrais, pois se trata de artistas que pouco se importavam com a grana, faziam música com alma – no sentido mais profundo – se jogavam de verdade, sobre a dor e o amor falavam sem vergonha, das traições. Tudo com maestria. O que dizer das composições de Noel Rosa? Morto aos 24 anos e já era ícone. Enfim, esse é um mundo que não volta mais, composições que falem da verdade estão fora da moda. Gente notívaga, bêbada e fumante, mais ainda. Hoje tudo tem que ser clean, um saco.

Durante a sessão várias coisas vinham a minha cabeça, as mais tristes. Comece,i ao ver aqueles caras dando depoimento, a me lembrar dos ícones de hoje, "a nata da música brasileira" que vai fazer playback no Faustão ou Gugu aos domingos. Tipo: Claudinha Leite, Daniela Mercury, Mastruz com Leite, qualquer funkeiro, enfim, esse tipo de coisa barata e de fácil consumo. Ta tudo mastigado ,é só descer goela abaixo. E, me senti super mal, com vergonha mesmo. Pois, hoje vivemos o inverso em quase tudo na vida. O lixo vive a sua maior ascensão.

Os artistas de nossa música hoje-  a maioria pelo menos-  vivem escravos de aparecer em programas televisivos, comprar jatinhos, fazer propaganda pra banco e cerveja e, criar músicas que beiram a imbecilidade para grudar na cabeça das pessoas. Falta a visceralidade da vida em suas letras. É impressionante ver a liberdade com que os caras em plena ditadura faziam músicas sobre o mundão, as vielas, as rodas de conversas e por aí abaixo.

Palmas para Marisa Monte por ter tido a coragem de ficar durante uma década estudando algo que corria o risco de morrer completamente e sem qualquer tipo de registro histórico. E o documentário já começa a fazer história. Já foi premiado em Cannes e deve angariar muitos prêmios pelo mundo afora. Ainda da pra assistir, está em exibição em algumas salas de São Paulo. Corra, pois creio que vá demorar pra sair em DVD. 

Aqui um trailer do filme:

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