A relação estava ótima. Pelo menos para você. Mas, um belo dia e por razões que fogem à sua vontade e compreensão, ela diz que não quer mais.
O chão embaixo dos seus pés vira gelatina. Você quase não para em pé.
– Como assim não me quer mais? Justo eu que sou a última Coca-cola Zero do deserto?
Ela pode até concordar com você, no quesito Coca-cola, mas acredita, talvez, que a felicidade dela esteja ao lado da última nova Kuat Light do deserto ou querendo experimentar outros últimos sabores do deserto.
Não há o que fazer, argumentar, negociar. Ela está decidida a terminar a relação.
Você congela. Fica ali, parada, sem conseguir sair do lugar. Revê todos os passos do relacionamento, como uma expert detetive, em busca do que pôde ter saído errado.
– Onde eu errei? – Você se pergunta, angustiada.
Houve erros e acertos, de ambas as partes. Portanto, não há vítima ou vilão. É assim que se constrói uma relação. Errando, acertando, aprendendo. Toda relação tem erros e acertos.
Passada a tontura da pancada do término, vem a revolta.
Você esperneia, se debate, fala mal, pragueja, deseja que ela morra (só de mentirinha), que ela seja eternamente infeliz (pura dor de cotovelo), que ela encontre pela frente alguém que a maltrate bastante para, assim, dar valor ao seu amor, que ela fique gaga, tenha chulé, que perca os dentes da frente e fique careca.
Percebendo que isso não faz com que você deixe de amá-la, procura motivos para ficar com raiva dela, na tentativa de tirá-la do coração. Fica procurando todos os mínimos motivos para odiá-la com todas as forças.
– Aquela vagabunda já deve estar com outra na cama a esta hora – Você pensa, mas a possibilidade de isso ser verdade, só aumenta a sua dor.
– Ah, ela me tratou com desdém quando eu disse o quanto eu a amava no dia que terminamos! – Você argumenta consigo mesma, tentando se agarrar a isto para salvar sua alma em desespero, mas no fundo sabe que também foi difícil para ela e que esta postura distante foi necessária para que ela conseguisse terminar o namoro.
Você se afasta, apaga os contatos dela do celular, bloqueia o Orkut, o MSN e para de sair de casa, com medo de encontrá-la nos lugares que freqüentavam juntas, principalmente se ela estiver acompanhada.
Nada adianta.
Você continua amando aquela desgraçada.
O que fazemos com o amor que fica, quando o relacionamento acaba?
O importante, no entanto, é o que não fazer!
Não deixe que esse amor se transforme em um câncer que vai te destruindo aos poucos.
Aceite o fato de que as pessoas são livres e não são obrigadas a serem recíprocas no amor. Ela não tem culpa de não te amar, nem você de amá-la. Se você já vivenciou essa história, mas no lado oposto, é só se lembrar de como também é doloroso não amar alguém e ver o quanto esta pessoa está sofrendo por você.
Deixe que o amor, por maior e mais intenso que seja, vá se sublimando naturalmente. Para tanto, faça o que puder para não vê-lo maior do que ele realmente é. Na medida do possível, procure não dar atenção a ele, preencha seu tempo com outras atividades.
Combata o desejo de procurá-la, não fique remoendo lembranças, pare de se torturar com visões do que o relacionamento poderia ter sido.
Deixe que o amor tome seu rumo. Ele pode se transformar em uma linda amizade no futuro se vocês forem capazes de transporem as mágoas.
O importante, sempre, é constatar que só nós somos capazes de nos tirar de toda e qualquer situação. Da dor de se perder um amor e da insistência em continuar sofrendo por algo que acabou.
Você é sua própria tábua de salvação.
Nina Lopes sabe bem o que é se separar amando e como é doloroso não poder fazer nada por alguém que ainda te ama. Ela também é editora do site Dykerama.com