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O que há de verdade no casamento “real”?

Ele já está sendo considerado o casamento "do século". Na próxima sexta-feira, a plebeia Kate Middleton e o príncipe William se casarão em Londres, sob olhar atento de pelo menos 2 bilhões de pessoas.

O circo midiático foi montado. Ao longo da semana passada e desta, jornais, sites e emissoras de rádio e TV preparam especiais sobre o casamento milionário que vem gerando também outros milhões. E são cifras astronômicas: desde o banquete que será servido aos convidados – entre eles David Beckham e Elton John – até o aluguel da propriedade que o casal vai habitar em breve no País de Gales.

Mas o que há de verdade no casamento "real"? A história de Kate e William mais parece um conto de fadas: a linda plebeia se apaixona pelo príncipe encantado e eles vão viver juntos felizes para sempre. A família está sempre do lado dos pombinhos, apoiando-os nos momentos mais difíceis. Como se sabe, a coisa não funciona bem assim: como manda a tradição, a rainha Elizabeth II precisou aprovar Kate Middleton na família real. Ela assinou o pomposo documento – originalmente chamado de Termo de Consentimento – em 9 de fevereiro, mas que só se tornou público na semana passada. Diz o documento que a rainha consente e autoriza a contratação do matrimônio "entre o querido neto príncipe William Arthur Philip Louis de Gales e a amada Catherine Elizabeth Middleton".

Após se casarem, William e Kate terão muitas responsabilidades. Não apenas como família – e manter a imagem de família correta e indissolúvel é complicado num país onde a monarquia está em decadência – mas também como representantes do povo – e serão sem dúvida muito cobrados por isso. A comparação de Kate com a saudosa Diana, além de burra, é perigosa: a jovem não tem qualquer obrigação de se parecer com a finada princesa, apesar de seu "cargo" assim o exigir. Por outro lado, William deverá ser um marido respeitável e fiel – diversões extraconjugais estão terminantemente proibidas.

Posso estar sendo muito injusto com os pombinhos, mas tudo, absolutamente tudo que os rodeia, me parece artificial, forçado. Dentro do sistema retrógrado em que vivem, não há espaço para as liberdades individuais. Não são permitidos erros ou frustrações. Que fique bem claro: não questiono o amor que um sente pelo outro (até porque não os conheço pessoalmente), mas sabemos que não existe casamento perfeito – "real" ou não.

Deve ser mesmo bem chato exercer o papel de príncipe, não é?

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