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O que há em comum entre o mercado gay e outros mercados no Brasil?

Há algumas semanas fui escalado pela editora do site-laboratório da faculdade onde estudo para fazer a cobertura de uma feira de quadrinhos que aconteceu na facu, no último sábado. A feira foi bem pequena se comparada a outras do gênero, como Comix Fest ou Anime Friends, mas o repórter aqui conseguiu apurar coisas interessantes para fazer uma matéria legal.

Foi lá que achei o fanzine “Todo Mundo Senta”, com a historinha NeoQuadrilha, uma subversão gay do poema Quadrilha de Carlos Drummond de Andrade. Acompanhei um debate sobre o mercado de quadrinhos e foi bem interessante, não pude deixar de notar certas semelhanças com o tão aclamado mercado gay.

O debate contava com ilustradores, arte-finalistas e outros profissionais ligados à nona arte. Falou-se bastante sobre mercado de trabalho, processos de editoração e a relação que as pessoas desenvolvem com os quadrinhos. Uma das pessoas presentes na platéia era um professor da faculdade que tinha todo um trabalho de pesquisa voltado a como utilizar quadrinhos na educação.

Uma das coisas que esse professor falou me chamou bastante a atenção. Segundo ele, na Europa, o mercado de quadrinhos estava um pouco estagnado, parece que lá tudo já foi feito, tudo já foi inventado, que não há mais o que fazer. Isso, no campo dos quadrinhos, seria uma vantagem para nós brasileiros, que contamos com bons profissionais, com técnica, qualidade, competência e criatividade. Nosso mercado de HQ não é bem explorado e a gente tem que fazer tudo agora. Estamos formando esse mercado.

As informações que temos do mercado gay de fora dizem que na França, por exemplo, o número de serviços voltados ao público GLBT em geral têm caído constantemente. Devido ao espaço conquistado no campo dos direitos e da aceitação, não há mais motivo, por exemplo, para um gay ir a uma balada gay se ele pode beijar seu namorado livremente numa balada “hétero”. Desconfio um pouco disso, mas é o que dizem por aí.

Como no Brasil não gozamos desse tipo de liberdade, creio que ao mesmo tempo que isso é ruim, também é bom. Há ainda muita coisa a se fazer em se falando de mercado gay, não estamos com tudo pronto. Engatinhamos lentamente, mas sempre ascendendo. Temos que fazer de nossos obstáculos nossos principais impulsos. Temos a dinamicidade, o gingado a nosso favor.

Claro que isso não se restringe única e exclusivamente ao mercado gay ou de quadrinhos. Videogame, por exemplo, é  super mal explorado. Isso tem que servir para dar fôlego. Como estou num dia bastante otimista, prefiro hoje acreditar que esses e outros mercados têm muito a melhorar.

*Na ilustração estão Rocky e Hudson, os caubóis gays do cartunista Adão Iturrusgarai

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