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O tempo passa, o tempo voa

Ah, que bom virar o disco e não começar o post declarando que não escrevi nada. Pois é, escrevi sim, dei uma última arrancada para o que agora deverá ser o epílogo. Sabe aquele momento de conclusão? Este livro é assim, um recorte na vida dos personagens, porém, com princípio, meio e fim.

A parte que escrevi ontem me trouxe de novo um pensamento recorrente. Não sei se já comentei aqui no meu Mundo, mas falo disso sempre. Acho de uma mediocridade sem tamanho o recurso "alguns dias depois", "um ano depois" e frases semelhantes. Pior ainda quando a utilização é em cinema ou TV. As novelas são mestras em fazer isso e todas as vezes me dá uma certa preguiça. Pode até ser que em literatura seja complicado transmitir a passagem de tempo, mas com recurso audiovisual? Tem dó né?

Quando se trata de livro, a gente não pode subestimar o leitor e sua atenção. Fugindo da facilidade das frases citadas, procuro demonstrar o correr de dias ou mesmo anos através de acontecimentos e alterações físicas ou psicológicas dos personagens. Objetos também podem ser uma boa saída. Exemplo prático: Quando descrevi o sexo na visita íntima, falei sobre a preparação feita pela direção do presídio, salientando que tudo aquilo só teria sido providenciado em atenção ao médico gostosão. Descrevi os lençóis como novos, ainda com marcas de dobras da embalagem. Já na cena de ontem, que se passa na sala improvisada como "ninho de amor", não teve sexo, serviu pra demonstrar como a prisão de Denilson amadureceu alguns aspectos da relação, mas não a natureza dos protagonistas. Oportunamente, citei de passagem o estado desgastado dos lençóis. Pode passar batido? Pode, mas confio na perspicácia dos meus leitores que não necessitam de textos didáticos, explicadinhos no tatibitati. O diálogo do casal fala, entre outras coisas, da proximidade do julgamento da condicional do garanhão, logo, muito tempo já se passou. Os objetos, no caso a roupa de cama, demonstram isso.

Exemplos como este permeiam toda a narrativa, sem ter sido necessário uma única vez usar "passados alguns meses". CAMA KING SIZE, meu segundo livro (disponível impresso ou e-book na www.comprelivrosgls.com.br – momento merchan), narra a saga de três personagens dos 18 anos até por volta de 50, sem também utilizar uma única vez esse recurso batidão.

Sei lá, pode parecer bobagem, mas pra mim isso é respeito à inteligência do leitor.

Beijão!

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