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O toureiro LGBT está quebrando barreiras na arena ultra-conservadora da cultura taurina espanhola

Existem poucas tradições mais espanholas do que a tourada. Entre a paixão avassaladora, a tensão palpável e o balé perigoso entre homem e animal, o touro de lidia desempenha um papel importante na cultura do país. A essa prática, no entanto, está sendo desafiada, com a chegada de um toureiro abertamente LGBT+ – um verdadeiro terremoto numa cultura que sempre foi dominada pelos valores tradicionais e, muitas vezes, masculinos.

O novo matador enfrenta apenas a rejeição de um tipo de público que considera a tourada intocada, guardiã de valores considerados “autênticos e correto”. Mesmo assim, segue em frente, com uma firmeza quase tão impressionante quanto seu manejo da espada. Tudo isso é visto como uma ameaça à identidade espanhola.

“Realmente não entendo por que as pessoas são tão resistentes à mudança”, explica o toureiro. “Acho que isso tem muito a ver com medo – medo de que, ao abraçar algo novo, possamos perder algo do passado. Mas a cultura do touro é sobre bravura, habilidade e elegância. Não há nada sobre sexualidade nisso”. Ele continua: “A tourada é profundamente enraizada na ideia do que significa ser um homem espanhol. Por muito tempo, foi vista como um meio para provar a masculinidade de alguém. Quebrar esse molde tem sido difícil”.

Nessa dura realidade, não é fácil ser LGBT+ e toureiro. Ao contrário, é um ato de bravura próprio. “Todos os dias nos levantamos e enfrentamos nossos medos”, diz. “Isso faz parte de ser um toureiro”.

Este ousado toureiro está chamando o mundo a assistir, enquanto prova para o mundo que ser LGBT+ não tem nada a ver com bravura, força ou habilidade – os mais altos ideais da cultura do touro. Através de suas ações, ele desafia não apenas a velha guarda da tauromaquia, mas toda a sociedade espanhola a repensar o que realmente significa ser “masculino” e ser “espanhol”.

Certamente, as opiniões variam, mas o toureiro LGBT+ está em uma missão para mostrar ao mundo que nem todas as tradições devem ser mantidas ao custo da exclusão. Uma coisa é certa: o mundo da tauromaquia nunca mais será o mesmo.

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