Eu já estava cansado. Bastava eu comentar com alguém sobre o fato de eu nunca ter namorado que as pessoas diziam para eu parar de sonhar com o príncipe encantado e conto de fadas. Minha amiga Laura era a primeira a me dar esse tipo de conselho (Ela namora há três anos com a mesma menina). [Eu não quero um príncipe encantado, só um cara que me entenda]
Se minha mãe estiver lendo isso, provavelmente dirá:
-Bobagem. É só ir à igreja que você vai achar um monte de mocinhas dispostas a te amar. Vou te contar como foi que conheci seu pai… [Mãe, dá pra parar?]
A essa altura eu já estava com um novo visual e decidido a conquistar alguém numa balada. Dessa vez eu ia para a Tunnel. [Lá é meio apertado, me dá falta de ar, mas sempre fico com alguém]
DETALHES DA ROUPA: Boné preto, camiseta preta, calça xadrez verde e all star branco.
Naquela noite, 29 de fevereiro, havia algo de sobrenatural no ar. Depois de dançar um pouco, me joguei no primeiro cara que apareceu, o nome dele era Luka, ele não era tão bonito, mas eu resolvi que ficaria com ele pelo resto da noite. Para minha sorte ele também quis. [Uma vez um menino me disse que ia ao banheiro e eu estou esperando ele voltar até hoje].
Meu relacionamento com o Luka durou 3 encontros. Foi tudo muito rápido. Saímos da Tunnel às 7 horas da manhã, ficamos abraçados no metrô e trocamos telefones.
SEGUNDO ENCONTRO: Fomos ao Ibirapuera e eu conheci duas amigas dele, neste dia, umas meninas nos deram um algodão doce depois de afirmarem que éramos o casal mais fofo que já tinham visto.
ÚLTIMO ENCONTRO: Fomos ao cinema, trocamos cartas de amor, na dele estava escrito: "Não olhe para ninguém, pense só em mim". No final uma pergunta: "Quer namorar comigo?". Eu nem tive tempo de responder.
Na semana que se seguiu, ele sumiu. Inventou uma série de desculpas e desapareceu. Liguei umas duas vezes para ele, sem sucesso. [Até hoje eu nunca consegui segurar um cara por mais de duas semanas]
FATO: O amor romântico e idealista, das décadas 60 e 70, ficou para trás. A partir das décadas de 80 e 90 ele foi se tornando um amor de consumo. Já escreveu Arnaldo Jabour: "Hoje temos controle do amor, sabemos por que amamos e temos medo de nos perder nesse sentimento". [Essa foi a única explicação que encontrei para o sumiço]
Com mais uma desilusão, agora eu sabia… O verdadeiro amor é impossível.