Dia desses New Normal, o novo seriado do Ryan Murphy, o fabuloso criador de Glee, tocou numa ferida ao abordar a questão do voto e dos preconceitos.
Um dos personagens era #teamRomney. O outro era #teamObama. O segundo defendia: "Obama é negro. É a diversidade". O primeiro rebatia. "Votar no Obama só porque ele é negro não seria mais preconceito?".
O episódio deslancha pra uma série de situações que escancaram a questão do preconceito, quando um dos personagens gays paga um garçom negro para este se fazer passar por amigo dele.
Estamos às vésperas das eleições municipais. Uma série de candidatos gays concorrem em vagas legislativas por todo o país. Olha. Política sucks, tá legal? Não tenho muito estômago pra discutir isso.
Pra mim interessam alguns discursos apenas. Não dos candidatos. O do senso comum me interessa mais. Então vou tentar fazer um contraponto meio absurdo aqui.
Por anos a fio em épocas de eleições lia que não interessava a orientação sexual dos candidatos e sim saber seu histórico, se ele era honesto e coisa do tipo. Dizem que o importante é se informar e votar bem.
Bullshit. Muita gente não lembra em quem votou nas últimas eleições. Eu lembro. Meus candidatos não entraram. Mas gente, contra as balelas da vida, vamos ser práticos. Se todo mundo fizesse isso de pesquisar e votar bem, a gente não teria essa política que tem.
Parlamentares de modo geral ganham muito e produzem pouco. E eles não vão fazer uma lei reduzindo os próprios salários. Então, se até agora eu não fui claro e não disse a que vim, vou ser mais direto: vote num candidato gay.
Sim, meusa migos. Vamos eleger as bichas desse país. Olha, nas últimas eleições o fenômeno Tiririca foi muito mal compreendido. Muitos viram como piada, muitos enxergaram nele uma possibilidade de voto de protesto. Sua eleição não foi uma surpresa. O fato de ele estar entre os melhores deputados na votação do Congresso em Foco deve ter sido.
Jean Wyllys é outro que era colocado no balaio dos candidatos mitológicos. Gay e ex-BBB era merecedor de chacota que se destina a quem participou do reality. Nem todo mundo acompanhava a produção mais acadêmica ou intelectual do Jean fora dos holofotes. Sempre o achei inteligente. E nunca o olhei com ares de folclórico.
Até porque folclórico é tipo o Agnaldo Timóteo que vai defender pontos de vista reaças no Superpop. A gente precisa de umas bichas na política. De gente mais libertária, mais progressista.
Sem falar no efeito midiático da drag vereadora. Dá nota, matéria, audiência. E vocês adoram isso que a gente sabe. É só olhar os portais de notícias e o Facebook de vocês. Quem aqui lê a parte de política dos jornais? Quem aqui lê jornais?
Vamos lá gente. Votem nas gays. Vamos encher de brilho e purpurina essas câmaras municipais, por favor. Ninguém aqui garante que candidatos gays serão bons. Estou só propondo um desafio.
Sexualidade não é sinônimo de caráter e honestidade. Mas se for pra escolher eu preferio uma bicha corrupta, só pra variar um pouco. Pensem em maquiagens, roupas, sapatos, viagens e marcas como Versace, Armani, Prada. Nosso dinheiro, se por ventura desviado, seria muito mais bem gasto pelo menos.