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Obama e os homossexuais

Dia 5 de novembro de 2008 é uma data histórica. Pela primeira vez os EUA terão um presidente negro, relativamente jovem, filho de um africano muçulmano e uma americana… e que abertamente fala sobre defender os direitos dos homossexuais. Mas será que isso muda alguma coisa para nós, LGBT, lá e no Brasil?

Não dá pra negar, os Estados Unidos são o país mais poderoso do mundo, e muitas das escolhas políticas que fazem interferem nas decisões de todos os outros países do mundo ou servem, no mínimo, de referência para eles. Assim, é muito importante ficarmos atentos ao que acontece neste país da América do Norte em relação aos direitos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transgêneros.

A campanha de Obama foi uma das mais milionárias da história, e parte destes recursos veio de entidades, associações e pessoas que defendem a causa homossexual. Eles embarcaram de vez na militância, saíram às ruas e votaram em massa no candidato democrata, pois ele seria a garantia de mudança, de conquista de direitos e de respeito do poder público. Exemplos de apoio público à campanha de Barack Obama são Jennifer Beals e Ilene Chaiken, a atriz que interpreta Bette e a produtora, respectivamente, do cultuado seriado “The L Word”. Elas saíram às ruas da cidade de Lakewood no dia 25 de outubro, batendo de porta em porta para fazer campanha para o candidato (veja foto).

Tanta mobilização tem um motivo. Em todos os seus discursos, Obama garante que irá “lutar pela igualdade de direitos” e conclama a população americana a se unir em busca da mudança. No site oficial do novo presidente existe uma página, chamada “Obama Pride”, que fala só sobre a atuação e o apoio maciço dos LGBT, com vídeos, fotos e vários discursos. Porém, Barack nunca falou muito, em discursos abertos ao grande público, sobre os LGBT, mas seu porta-voz garante que ele “sempre acreditou que os LGBT americanos deveriam usufruir os mesmos direitos perante a lei”. Mas então surge a pergunta: será que alguma coisa realmente vai mudar?

O fato de Obama não mencionar abertamente que irá lutar pelos direitos dos LGBT já é uma indicação que nada é tão simples assim, principalmente nos EUA. Apoiar abertamente a causa gay pode dar alguns votos, mas pode tirar milhares de outros. Lá a aprovação de várias leis independem da decisão do presidente e são votadas nos Estados, por meio de consultas à população.

Ontem mesmo (dia 4), além da votação para presidente, aconteceu na Califórnia a votação da “Proposta 8”, que afirma que o casamento pode se realizar apenas entre um homem e uma mulher – lembrando que o casamento gay havia sido autorizado pela Suprema Corte do Estado em junho. E, infelizmente, a população está votando até o momento a favor da proposição, ou seja, CONTRA o direito ao casamento entre homossexuais. Caso realmente a proposição seja aprovada, os 18 mil casais que se casaram não perdem seus direitos, mas nenhum casamento homosseuxal será mais realizado – e isso porque a Califórnia é o estado mais “gay” e liberal dos Estados Unidos.

Mas como então os EUA elegeram Barack Obama? Como um país tão retrógrado e conservador em alguns pontos elegeu um presidente progressista? Simples: Obama recebeu votos em massa de negros, latinos, pobres e setores democratas da população, mas nada indica que estes setores sejam liberais e tolerantes com relação à homossexualidade. E, em uma real democracia, os representantes eleitos pelo povo devem seguir a decisão da maioria, que por enquanto não acha que os LGBT necessitam (ou merecem) igualdade de direitos.

Então é hora da população e das associações LGBT dos EUA começarem a agir com empenho, buscando recursos, inclusive governamentais, para programas de educação e campanhas de garantia de direitos. É hora de lutar, pois há no poder alguém que acredita que estas causas são importantes e a luta, legítima (e esperamos sinceramente que este apoio às causas homossexuais não tenha sido apenas para obter votos). Aparentemente já existe apoio lá no alto, agora o trabalho é conscientizar a base – e como líder Obama pode influenciar a população. Fiquemos de olho, e vamos lutando, aqui, para que as coisas mudem também no nosso país.

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