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OHM

Quando a revista OHM surgiu no México, há dois anos, não existia nenhuma outra publicação que falasse tão abertamente sobre assuntos de interesse da comunidade LGBT do país.

Mas o sonho dos empresários Alejandro Esparza e Pepe Aguilar virou realidade. Desafiando o ainda restrito mercado editorial mexicano, eles conseguiram transformar a OHM num canal confiável e de qualidade, que já é amplamente reconhecido e aplaudido pelo público gay e lésbico.

E como a diversidade é o principal foco da revista, as lésbicas ganharam um espaço exclusivo, que é editado pela jornalista Angela Rojas, 30. Em entrevista exclusiva ao Dykerama.com, Angela fala sobre a importância da criação da revista, opina sobre o mercado editorial gay e critica o preconceito que ainda torna invisíveis as mulheres em seu país. Confira!

Dykerama.com – Quando surgiu a OHM?
A revista OHM surgiu há dois anos por iniciativa de Alejando Esparza e Pepe Aguilar, que acreditaram no sonho de lançar a primeira revista high-profile do México para o público LGBT. No México não existiam publicações desse tipo, somente revistas de baixa qualidade e de conteúdo pornográfico. Cansados de não se verem representados nessas publicações, Alejandro e Pepe, com a ajuda de outros colaboradores, começaram a editar a OHM, que no momento é bimestral.

Dykerama.com – Quais são os assuntos abordados pela revista?
A revista aborda temas como arte, arquitetura, design, turismo, moda, entretenimento, notícias, política etc, sob o ponto de vista da comunidade LGBT, tentando não cair em clichês nem no típico material mais pornográfico que informativo. A seção dirigida exclusivamente para mulheres se chama “Sección L”.

Dykerama.com – Você é responsável por essa seção na revista. Há muitas leitoras lésbicas no México?
Por motivos muito diferentes, as lésbicas/bissexuais/transexuais sempre foram menos visíveis, mas isso não quer dizer que não existimos. No México ninguém até então havia se dirigido a nós como faz agora a OHM, com leveza, sem tabus, com temas atuais. A resposta foi imediata e potente. Temos cada vez mais leitoras e o projeto a longo prazo é aumentar as páginas da “Sección L” e eventualmente lançar uma revista exclusiva para mulheres.

Dykerama.com – Existe alguma publicação para lésbicas no México? Como está estruturado o mercado editorial para gays e lésbicas no seu país?
Existem outras publicações, digamos, mais “underground” para mulheres. O que nós percebíamos é que a maioria se dirigia a uma parcela de mulheres mais inclinadas ao feminismo um pouco radical, e também ao clichê da mulher masculinizada, o que não é ruim, mas que apenas representa uma parte das mulheres lésbicas. Nossa seção é para todas, mas tende em direção ao mercado que no Brasil seria direcionada às “bolachas”.

O mercado editorial LGBT em nosso país é bastante reduzido, antes da OHM as publicações eram dirigidas a um mercado de um nível sócio-cultural C ou D, e também muito inclinado a misturar pornografia em seu conteúdo. Havia outras publicações que falavam para esse público, mas que não eram abertamente LBGT.

Dykerama.com – Que personalidade lésbica mexicana renderia uma boa capa para a revista?
(Risos). Gostaria de entrevistar várias mulheres interessantes, da política, do esporte, do entretenimento, mas como ainda não saíram do armário, é impossível, esperaremos mais um pouco para que isso mude, é isso o que OHM tenta fazer: abrir caminho.

Dykerama.com – O que falta para que a comunidade lésbica de seu país conquiste cada vez mais espaço?
Acredito que faltam muitas coisas, em resumo, derrubar tabus antigos e incorretos, informar mais a sociedade (a falta de informação e conhecimento sempre se transforma em medo e intolerância), vontade política, terminar com o machismo que nos torna ainda mais invisíveis… é um esforço grande, comunitário. Na minha opinião começa com cada uma de nós, não podemos esperar que a situação mude sem que nós a mudemos em nosso microcosmo: familiar, social, educacional etc. É um círculo vicioso, muitos não querem sair do armário, mas eu me pergunto, não será que justamente saindo do armário podemos mudar nossa situação?

Dykerama.com – Como é escrever para uma revista gay? Ainda há muito preconceito?
Infelizmente sim, mas conhecemos os riscos. Além do mais, não gostamos se nos sentir vítimas. Escrever para uma revista gay que quer romper com os clichês significa ser sempre honesto e coerente com nossas ações e ideologias. Até agora a resposta tem sido tremendamente positiva, mais do que esperávamos.

Dykerama.com – Você conhece alguma revista ou site gay no Brasil? O que você pensa sobre nosso mercado?
Conheço algumas publicações, todas para homens, alguns bares e clubes no Rio, também a maioria freqüentado por homens. De certa forma o mercado se parece com o mexicano, ainda que nas cidades grandes como São Paulo e Rio é mais aberto, inclusive as prefeituras estão muito mais em contato com a comunidade LGBT. No interior do Brasil, pelo que eu escutei, ainda há muito preconceito, como no México, no entanto, há muitos movimentos sociais e alguns políticos que buscam lutar contra isso. Gostaria de pensar que a América Latina está avançando nessa direção, de maior tolerância, respeito e direitos iguais, por isso a OHM, apesar de ter encontrado muitos obstáculos, como a resistência de algumas empresas que não quiseram anunciar na revista, e a falta de investidores, seguirá lutando para ter uma voz cada vez mais forte.

:: Para saber mais sobre a revista, acesse os links abaixo:

http://ohm-magazine.hi5.com
http://seccionlohm.hi5.com
www.myspace.com/ohm_magazine

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