Uma indicação da Organização Mundial de Saúde (OMS) provocou polêmica nesta sexta-feira (11). Isso porque ela sugeriu pela primeira vez que todos os homens que fazem sexo com outros homens devem tomar o remédio antirretroviral e usar preservativos para prevenir a infecção pelo HIV.
De acordo com a Organização, trata-se de um momento em que taxas de infecção pelo HIV entre gays estão em níveis alarmantes no mundo. Entre os jovens, por exemplo, há 19 vezes mais chances de infecção que a população em geral.
O chefe do departamento de HIV da OMS, Gottfried Hirnchal, afirma que as taxas estão aumentando 33 anos depois da epidemia. Ele diz que um dos motivos é a diminuição do medo da infecção entre os jovens, que focam na ideia de que os medicamentos permitem uma vida com a doença e que deixam de se prevenir.
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Para o pesquisador o uso de antirretrovirais é apenas uma complementação da prevenção, pois o uso de um único comprimido com a combinação de dois antirretrovirais diariamente deve ser feito com o preservativo. Ele evitaria um crescimento de 20% a 25% da aids na próxima década.
Além dos homens homossexuais, a indicação é sugerida para mulheres transexuais, prisioneiros, pessoas que usam drogas injetáveis e profissionais do sexo, que correspondem a 50 vezes mais riscos de contrair a doença.. A OMS explica que os grupos são os que menos possuem acesso aos serviços de saúde e que a criminalização e o estigma faz com que muitos evitem de procurar ajuda.
O Secretário de Estado da Saúde de São Paulo e infectologista David Uip afirma, em entrevista à Folha de São Paulo deste sábado (12) que é contra a adoção da profilaxia. “Para funcionar, é preciso usar diariamente. Já é difícil convencer quem está infectado a fazer o tratamento corretamente. Em pessoas saudáveis, a adesão seria mais difícil”.
David aponta ainda para os efeitos colaterais, como náuseas, e para outro método contra DSTs, o preservativo. “Aí dizem que as pessoas não usam (a camisinha), e eu pergunto: quem não usa a camisinha vai tomar remédio todo dia para prevenir o HIV?”. No Brasil, o remédio tem aprovação apenas para quem já está infectado e não está na lisa do SUS.
Vários ativistas se manifestaram contra a recomendação, dizendo que ela é infundada e que, assim como nos anos 80, querem novamente colocar a culpa da aids nos gays.