Na semana de 9 a 12 de julho, o bairro de Iguaba Grande – na cidade de Cabo Frio, no Rio de Janeiro – foi palco de cenas dignas de um filme de terror. Primeiro, um casal gay foi espancado e morto, depois uma travesti foi encontrada morta e mutilada em sua casa. Esses e mais 13 casos de atos homofóbicos sem punição em Cabo Frio, Iguaba Grande e Rio das Ostras, motivaram a ONG Cabo Free a organizar um ato contra a homofobia, que acontece hoje às 17h em frente ao Centro Cultural José Dome, conhecido como Charitas.
"O momento é de mobilizar as pessoas e autoridades, dar visibilidade aos crimes que vem acontecendo de forma constante – esses inquéritos precisam avançar e os culpados devem ser identificados e presos." disse Cláudio Lemos, presidente da ONG Cabo Free de Conscientização Homossexual. Para ele, a inércia da polícia gera medo e a impunidade "pode vir a ser um incentivo para os criminosos". "Matar um gay, uma lésbica ou uma travesti e ficar impune tornou-se uma coisa comum em Cabo Frio e nas cidades vizinhas. Isso tem que parar agora, antes que mais gente morra vítima da homofobia e que mais famílias sofram a perda de seus filhos de forma violenta e covarde", enfatiza o militante.
Durante a manifestação, membros dos grupos LGBT soltarão 100 balões brancos em protesto contra a crescente onda de violência que atinge a comunidade gay do Rio. Depois haverá uma audiência pública com Cláudio Nascimento, representante da Secretaria de Direitos Humanos do Governo do Rio de Janeiro, que vai cobrar das autoridades uma resposta aos casos de assassinato. Na ocasião, um representante do Poder Público Estadual anunciará as medidas que o governador Sergio Cabral pretende tomar para garantir mais tranqüilidade à comunidade LGBT.
Nos próximos meses, um núcleo de pesquisas recém-criado pelo Cabo Free fará um dossiê de todos os crimes de homofobia da região.