O respeito à diversidade de orientação sexual e identidade de gênero teve uma vitória no último sábado (8). Integrantes do Estruturação – Grupo LGBT de Brasília participaram da palestra “Homossexualidade: escolha ou destino?”, proferida por Claudemiro Soares, autor do livro de mesmo nome, no qual defende a conversão de homossexuais em heterossexuais. A intenção era denunciar a manipulação de dados e da “pesquisa” feita por Soares para escrever o livro.
Resultado: depois dos e das integrantes do Estruturação rebaterem todos os argumentos apresentados por Soares durante a fala dele, ele não concluiu a palestra e se retirou. Soares se apresenta como um gay convertido em hétero.
A ação começou já na entrada da sala onde ocorreu o evento, promovido pela empresa IDD Consultoria. Todos integrantes do Estruturação seguravam um pequeno cartaz com os dizeres “Sou gay e sou feliz” ou “Sou bi e sou feliz”. “A idéia era rebater o mote principal da argumentação falaciosa do autor do livro, que era: se você é gay e é infeliz, seja feliz virando heterossexual. Queríamos mostrar que somos muito contentes do jeito que somos e, se existe algo que nos deixa tristes, esse algo é o preconceito e não nossa orientação sexual”, diz Welton Trindade, diretor do Estruturação.
A palestra durou cerca de uma hora e meia, mas não foi concluída. Depois de ter idéias rebatidas constantemente por integrantes do Estruturação, Soares disse que não continuaria a falar porque temia que os ativistas usassem força física ou até armas de fogo contra ele. Ele deu essa alegação e saiu da sala. “Absurdo o que ele disse. Isso é a fala de um desesperado que se ficou nervoso ao ser desmascarado. Nunca, nunca usaríamos força contra ele ou ninguém. Essa foi um desculpa tacanha dele”, explica Trindade.
O Estruturação tentou impedir a circulação do livro por meio da atuação do Conselho Regional de Psicologia, que é responsável por averigüar casos em que psicólogos tentam converter homossexuais em heterossexuais, ao que é proibido no Brasil. O caso não pode ser denunciado porque Soares é administrador de empresas e não profissional de psicologia. “Tentamos essa via, mas não foi possível. Se fosse um livro propondo a conversão de negros em brancos, a sociedade e as autoridades não deixariam isso ocorrer, mas como fala de nós LGBT, ficamos sem proteção. De toda forma, arranjamos uma estratégia de denunciar a falácia que é essa obra”, explicou Trindade.