Jean Wyllys ficou conhecido nacionalmente por ter sido o vencedor do Big Brother Brasil 5. Quase todo mundo deve se lembrar da ocasião no programa, quando Jean, ao ser questionado por Pedro Bial por que estava sendo indicado ao paredão, respondeu que o motivo era sua homossexualidade. Foi a primeira saída do armário do BBB ao vivo em rede nacional.
Anos se passaram e o Big Brother não tem um, mas três homossexuais. A reportagem do A Capa aproveitou que o jornalista e professor Jean Wyllys está entre os convidados da V Conferência Ilga – Lac, que acontece esta semana em Curitiba, para falar sobre mídia e conversamos com ele sobre Big Brother e ativismo gay.
Sobre o BBB, Jean acredita que é muito bom ter "homossexualidades em um programa de massas", mas que os coloridos "não irão ganhar". E como a vida não é só televisão, Jean também deu a sua opinião a respeito da participação do ministro Paulo Vannuchi na abertura da Ilga – LAC.
O que você acha da participação de um ministro em um evento realizado por Ongs?
A presença do ministro é um ganho. Não que eu seja petista, mas temos que reconhecer que de fato esse governo faz diferença na relação com o público LGBT. Depois de ser um ganho, a presença do ministro tem um impacto enorme nos objetivo da Ilga, que é chegar, através do debate, na esfera pública.
Você se filiou ao Psol (Partido do Socialismo e Liberdade) e este grupo tem como líder Heloisa Helena, que é fundamentalista religiosa. Acredita que ela apoiaria as questões gays?
Não acho que a Heloisa seja fundamentalista religiosa. É muito temeroso chamar a Heloisa Helena de fundamentalista religiosa, ela não é fundamentalista. Ela é católica e tem as crenças dela. Mas acho que a Heloisa é a favor dos direitos civis gays e também acredito que ela apoiaria temas como a legalização do aborto. Individualmente pode ser que ela seja contra, mas ela abriria mão da questão individual em favor do coletivo.
O que você achou da Dimmy Kieer (Dicesar) e Sérgio no Big Brother?
Achei ótimo.
Você está assistindo?
Sempre que posso assisto. Acho que legal que outras homossexualidades sejam representadas em um programa de massa.
Leitores nossos tem criticado a postura da Dimmy e do Sergio, dizem que eles dão muita pinta…
Isso é uma bobagem, isso é homofobia internalizada. Nós temos que sempre falar da homossexualidade no plural… é tão legitimo um gay de identidade masculina como um com identidade feminina. Para mim é mais temeroso Dimmy Kieer ter dito que se ele pudesse não seria gay, isso é a perda do espaço que ele conquistou lá dentro. O fato dele ser uma pessoa engajada nas paradas deveria fazer com que ele fosse mais atento ao lugar onde ele está.
Os coloridos vão ganhar o BBB?
Não.
Você torce por alguns deles?
Por enquanto eu torço por eles, por uma questão de identificação de coletivo. Eu ainda não tenho uma preferência individual por nenhum dos três. Eu gosto da sobriedade da Angélica… mas agora o programa está no inicio, se por um acaso mais pra frente as questões individuais se aflorarem mais e algum deles se revelarem ordinários, canalhas, capazes de passar por cima de qualquer coisa pelo dinheiro, eu não vou me identificar com uma pessoa como essa, independente de eu ser gay ou não.
Ter escolhido três homossexuais para o programa foi uma jogada de marketing?
Lógico. Pra uma emissora como a Globo, o que conta é a audiência.
