in

“Os heterossexuais são minoria”, diz Karine Alexandrino

Karine Alexandrino, de 36 anos, é cantora e performer. Musicalmente ela estourou em 2002 com o single "baby doll de nylon". Depois ela chamaria atenção com a intervenção de seu alter ego, a Mulher Tombada. Seja no Metrô, em uma exposição, Karine simplesmente tomba. Estatela no chão. Segundo a artista "a mulher tombada brinca com a integridade do degrau".

Filosofias à parte, Alexandrino fala também, nessa entrevista exclusiva ao A Capa, sobre a experiência de ter tocado em parada gay. Momento que ela classifica como "maravilhoso". Revela que no segundo semestre inicia nova turnê para divulgar o seu novo trabalho, "O voo da Mulher Tombada".

Foi por conta desse novo trabalho que Karine esteve em São Paulo no final de janeiro. Mas nem tudo é labuta. "Vim a São Paulo para passear, visitar uns amigos e conversar com produtores sobre o meu novo CD".  Na conversa, ela também conta como foi ter passado por uma reabilitação.

Confira a seguir esta divertida entrevista com Karine Alexandrino. Após a matéria escute seu novo single, "Troglodita", que ela liberou em primeira-mão para o site A Capa.

Está produzindo alguma coisa nova?
Estou compondo para terminar o meu novo CD, que é o "Voo da mulher tombada".

Você já tem uma previsão de apresentações?
Surgiram alguns convites pra show, mas ainda não defini nenhuma data. Devo retornar algumas parceria para gravar em abril com Dudu Maroti, Kassin…

Mas esse ano acontece show?
Acontece show. Em julho com a Mulher Tombada.

Você é de Fortaleza. Como o seu som é recebido por lá?
O meu som é recebido nacionalmente. Agora ele é bem recebido lá (Fortaleza) por que é bem recebido aqui (São Paulo). É através de São Paulo que ele vai pro Brasil todo. E na internet vai muito bem. E aquela coisa, estou terminando (o CD), vai entrando na internet, aí acontece a turnê… Mas com certeza esse ano vai bombar.

Como foi a experiência de tocar em parada gay?
Maravilhoso. Toquei no carro oficial  e eu adoro o público gay, ele é bastante receptivo, é um publico que aceita (o som) muito bem. Eu adoro.

Qual a importância do visual no seu trabalho?
Eu considero 50%. O happening da mulher tombada é o desafio do corpo. O corpo é mídia. Ele é um meio para passar uma mensagem. Então é através da moda, que é também informação. Eu uso o corpo para dar uma informação pro trabalho. Então o visual é 50% tanto quanto a música. A mulher tombada se expressa através do visual. Ai, falar na terceira pessoa é tão cafona (risos).

Você acompanha moda?
Muito. Eu sou multimídia. Esse ano a Mulher Tombada vai entrar no museu através de meu  trabalho nas artes visuais, que será concomitante ao lançamento do CD. Na moda através de parceria com diversos estilistas: Marcelo Sommer (eu já vesti roupas dele), Walério Araújo, Weider  Silveiro, tem o Lindemberg Fernandes, que é do Ceará… São inúmeros estilistas que eu admiro  e com os quais eu mantenho parceria o ano todo. Tem também o hairstylist, porque eu também falo através do cabelo. Eu tombo nas perucas também.

Além desses estilistas que citou, tem algum que você admira o trabalho?
O Alexandre Herchcovitch é fantástico. Ele é tombado. Eu brinco com a história da queda. A queda brinca com a integridade do degrau.

Qual foi a ultima performance da Mulher Tombada?
A ultima performance: eu tombei na exposição Roberto Rauschenberg  na Tomie Othake e foi maravilhoso. Eu faço happening, inclusive eu to formatando um programa novo, o nome dele vai ser "Happening". Vai ser um programa itinerante, ele vai passar pelo Brasil todo.

Vai ser exibido onde?
Pela rede 2001, que é uma rede nacional e independente.

Em uma música nova você diz que "sem amigo gay ninguém evolui". Por quê?
É verdade, a meu ver ninguém evolui. E é uma verdade muito boa para os gays. Isso é uma experiência particular, pois todos os meus colaboradores legais são gays. E foi por isso que falei: sem amigo gay, ninguém evolui.

Você está assistindo o Big Brother Brasil 10?
Poxa, eu não estou assistindo. Eu acabei de sair de uma "rehab" e coincidiu com essa edição do Big Brother.

E o que você acha da presença de três gays no programa?
Eu acho ótimo. Era uma falsidade não ter.  Se a ideia é ser o microcosmo, tinha mais é que ter muito gay. Hoje em dia os heterossexuais são a minoria.

E como foi a sua "rehab"?
Foi super legal. Eu estava precisando. Não pretendo mais beber, eu sou daquele tipo que não consegue beber um chope, tenho que tomar quarenta. Agora vou me tornar uma pessoa chata, viu?

Não usar substancias influencia no seu processo criativo?
De jeito nenhum. Eu sempre tive lapsos de sobriedade muito longos. Agora eu estou vivendo o presente e com isso me tornei uma pessoa mais paciente.

Você ta teve alguma relação homossexual?
Já, na época da faculdade. E eu achei muito chato. Faltou sensibilidade. Espero que as meninas não fiquem chateadas.

Escute aqui a nova música de Karine Alexandrino.

Sandra Bullock faz discurso pró-gay na cerimônia do Oscar

A opressão feminina, por Fátima Cleide