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“Os materiais de educação chavistas são sexistas e homofóbicos”, diz ativista venezuelana

Há cerca de um ano a reportagem de A Capa conversou com a ativista trans Tamara Adrian, que é advogada e atua pelos direitos LGBT na Venezuela.

Na ocasião, durante a ILGA-LAC, Tamara contou que a Parada Gay de Caracas sofre boicote da imprensa estatal, que é maioria no país e se guia pela ideologia bolivarista, que prega o socialismo do século XXI. Além disso, à época, a ativista relatou que a comunidade gay enfrenta uma série de problemas e preconceitos, principalmente fora dos arredores da capital.

Passado um ano, Tamara é enfática ao dizer que nada mudou para a comunidade LGBT e que ela continua "invisível". A ativista também comenta a respeito do Guia da Diversidade Sexual, que acaba de ser lançado na Venezuela e que, segundo ela, "dificilmente" terá a aprovação do governo de Hugo Chávez.

Você acredita que o governo chavista vai apoiar este material?
Não, não acredito que o governo chavista venha a apoiar este material. Depois de 12 anos, todos os materiais de educação feitos pelo governo chavista continuam sendo sexistas, homofóbicos e machistas. O Ministério da Educação não tem nenhuma política educativa clara sobre o tema da saúde sexual, inclusive sobre a Aids. Em todos estes anos de governo Chávez, não foi possível ter políticas públicas em nenhum ministério sobre o tema LGBT, muito menos na Educação. Todas as respostas são negativas. Eles dizem que têm que transformar a sociedade para nós termos políticas para vocês (LGBT). E nós dizemos para eles: é o contrário, se não tem políticas educativas pra a tolerância, a homofobia, lesbofobia e transfobia vão continuar para sempre.

E os educadores, acredita que eles vão adotar o material?
É difícil para os educadores usarem material não aprovado pelo ministério. Mesmo que o ministério tenha materiais completamente homofóbicos, lesbofóbicos e transfóbicos aprovados.

Há um ano, você conversou com a reportagem durante a conferência da ILGA em Curitiba. De lá para cá houve avanço na questão LGBT na Venezuela?
Na prática, nada de avanços. Somente fomos recebidos pela diretoria da Assembleia Nacional no dia 22 fevereiro para entregar um manifesto que pede a igualdade na legislação. Mas, um mês depois do encontro, a mesma Assembleia decidiu que isso (direitos LGBT) não é matéria para discutir este ano. Porém, no ano que vem temos eleições, então, não teremos nada novamente. Penso que poderemos fazer uma discussão com a Assembleia Nacional entre 2013 e 2014.

A Venezuela vai passar por eleições. Existe algum candidato que apoie publicamente a questão LGBT?
No momento nenhum candidato apoia a causa LGBT. Apenas um partido político demonstrou intenção de nos apoiar: Voluntad Popular. Dizem que vão nos apoiar, mas estamos aguardando um comunicado oficial.

Acredita na reeleição de Chávez? Se isso acontecer, é bom ou ruim para os LGBT da Venezuela?
Penso que sim, Chávez é reeleito e continuaremos por mais sete anos na mesma situação: visibilidade limitada; políticas públicas não existentes; influência militar homofóbica importante; nenhuma proposta de lei que vise a igualdade. Aqui também temos a questão da igreja: Chávez tem medo das igrejas cristãs, que possuem 17% de presença na Venezuela e o apoiam. Então, Chávez não vai dizer nada que possa "molestar" essas igrejas com medo de perder votos.

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