Olá leitoras! Estava lendo aqui no site sobre o filme “O novo mundo” e me chamou atenção a frase que permeia o texto: “A figura masculina é mesmo necessária para uma criança criada por um casal de lésbicas?”
Acho que é uma pergunta bastante pertinente, uma vez que vivemos num mundo onde o papel masculino e o feminino são separados, colocados distantes um do outro, sendo que a mulher é aquela que tem que demonstrar fragilidade ou mesmo insegurança, e o homem tem que ser forte e decidido. Mas essa é apenas uma pretensão de nossa sociedade ainda muito machista e patriarcal, acostumada a aceitar a mídia como verdade absoluta e determinante de comportamento.
O que vemos de verdade quando ultrapassamos a barreira da aparência é que em variadas formas de famílias, sejam elas heteroparentais ou homoparentais, esses papéis se mesclam, havendo uma alternância entre eles (a não ser em famílias onde a rigidez e a repressão ainda existam).
Pelo visto, vamos voltar àquela questão já relatada por mim em outros textos de que o que vemos no filme é um retrato do primeiro mundo e por isso a permissão para a discussão e a aceitação social está mais em voga, uma vez que eles já permitem o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Aqui no Brasil, por trás das aparências, existem várias famílias homoparentais que não são vistas na mídia como comuns, porque ainda não atingimos esse grau de maturidade social para discutirmos situações que não são de fácil abordagem e que talvez não trarão tanto ibope quanto a violência ou o futebol ruim.
Estas mesmas famílias são constituídas por duas mães ou dois pais e os papéis comportamentais do que é o feminino e do que é o masculino são muito bem colocados, não precisando uma mulher ter um pênis para ter uma porção masculina em si e nem um homem ter uma vagina para ter sua porção feminina.
Em cada um de nós humanos existe o feminino e o masculino e eles caminham juntos. Uma mãe pode muito bem representar para um filho ou filha em determinada situação, um poder mais masculino de agir, sendo mais racional ao tomar decisões, ao impor regras ou mesmo fazendo coisas mais masculinas, como discutir sobre futebol, usar uma furadeira ou discutir com o mecânico porque o carro ainda apresenta um problema que já deveria ter sido solucionado.
Um homem pode muito bem brincar de Barbie com sua filha e conversar com ela sobre qual roupa ficará melhor para alguma situação, se emocionar e demonstrar que ser sensível é possível e não é “coisa de mulher”. Ou seja, acredito e assino embaixo: duas mulheres podem sim ter um filho sem a presença de um homem ou de um pai se preferirem, basta que sejam corretas na educação e no amor que será dado a ele e, isso, obviamente, deveria se estender a qualquer outra formação familiar.
E para ficarmos um pouquinho mais sintonizadas com o assunto, seria muito bom vermos o filme e por que não os filmes da mostra, não é?
Beijos e até a próxima!
* Regina Claudia Izabela é psicóloga e psicoterapeuta. Dúvidas podem ser enviadas para o e-mail claudia@dykerama.com.