O GGB (Grupo Gay da Bahia) divulgou os vencedores da 29ª edição do “Oscar Gay”, entregando o troféus Triângulo Rosa a personalidades e entidades que ajudaram a comunidade LGBT a avançar, e o Pau de Sebo aos nossos “inimigos”, considerando acontecimentos de 2019.
A atriz Camila Pitanga e a funkeira Ludmilla receberam cada uma o Triângulo Rosa – relembrando o distintivo que nazistas colocavam em gays em campos de concentração – por assumirem publicamente relacionamentos com outras mulheres, enquanto o youtuber Felipe Neto ganhou outro por comprar e distribuir mais de dez mil livros de temática LGBT na Bienal do Rio de 2019, fazendo assim contrapressão ao prefeito da capital, Marcelo Crivella (PRB), que tentou censurar os livros de mesma temática disponíveis no evento.
Já o Pau de Sebo – um símbolo do ridículo na cultura brasileira – foi condecorado ao presidente Jair Bolsonaro por ter se posicionado contra a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que equipara crimes de homofobia a racismo e vetar a propaganda do Banco do Brasil com representatividade LGBT. Os neofascistas do Grupo Integralista também receberam um Pau de Sebo por atacarem a sede do Porta dos Fundos com bombas, após o grupo de humor lançar um vídeo ficcional em que Jesus Cristo é retratado como gay.
Os vencedores foram escolhidos por ativistas de diversos estados do País e pelo Grupo Dignidade de Curitiba. Conheça abaixo a lista completa:
Triângulo Rosa para os amigos dos LGBT
- Supremo Tribunal Federal pelo reconhecimento da União Estável Homoafetiva, direito à adoção conjunta e à identidade de gênero das pessoas trans e a equiparação da lgbtfobia ao racismo.
- Ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) Relator da Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão nº 26, por seu voto histórico reconhecendo a violência e discriminação LGBTIfóbica como racismo.
- Diretoria de Promoção dos Direitos LGBT do Ministério dos Direitos Humanos, pelo relatório analisando criteriosamente as mortes de LGBT+ do Brasil, encaminhada a Comissão Internacional de Direitos Humanos e Advocacia Geral da União.
- Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Governo de São Paulo, pelo edital para financiar 15 paradas LGBT no Estado.
- Governador do Acre, Nicolau Júnior, pela retomada do Conselho Estadual de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT, desativado desde 2018.
- Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul pelo excelente Relatório Final da Comissão Especial para Análise da Violência Contra a População LGBT, ótimo exemplo para demais Assembleias.
- Câmara Legislativa de Brasília por autorizar às pessoas transexuais o uso de nome social em concursos públicos.
- Prefeitura de Salvador por incluir beijos de casais gays e de lésbicas na publicidade do Show da Virada 2019-2020.
- Deputado distrital Fabio Felix (Psol, Brasília) pela representação contra o Presidente Bolsonaro por ter-se referido a um jornalista como “cara de homossexual terrível”.
- Dra. Deborah Duprat, procuradora federal dos Direitos do Cidadão, pela crucial atuação junto ao Ministério Público Federal no reconhecimento da união estável homoafetiva, no direito à identidade das pessoas trans e equiparação da LGBTIfobia ao racismo.
- Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, pela publicação do Atlas da Violência 2019, com dados referentes à LGBTIfobia no Brasil.
- Rede Globo, pela abordagem positiva e desconstrução de estereótipos negativos do segmento LGBTI+ particularmente na novela Malhação.
- Fórum de Empresas e Direitos LGBT+ pelo seu pioneirismo em promover a inclusão e a diversidade contemplando pessoas LGBTI+ no mundo corporativo.
- Empresa Atento Brasil, call center multinacional, por selecionar funcionários LGBTI em sua política de inclusão e empregabilidade.
- Atriz Camila Pitanga, por assumir o romance com a artesã Beatriz Coelho, fazendo declarações politicamente corretas sobre a homoafetivade; Funkeira Ludmilla, por assumir publicamente seu namoro com a bailarina Brunna Gonçalves; Ator Reynaldo Gianecchini, por assumir relacionamentos homoeróticos; Ator Luiz Fernando Guimarães por publicitar seu casamento com Adriano Medeiros após 20 anos de união; Atriz Vitória Strada por revelar seu romance com a atriz Marcella Rica.
- Influencer youtube Felipe Neto, por comprar e distribuir mais 10 mil livros sobre a temática LGBTI na Bienal do Livro, no Rio, em resposta à tentativa de censura homofóbica intentada pelo prefeito Crivella.
- Atriz transexual Glamour Garcia, personagem Britney da novela A Dona do Pedaço, por tornar-se a primeira trans a merecer o “Troféu Domingão” do Faustão.
- Bradesco, primeiro banco brasileiro a aderir ao Forum de Empresas e Direitos LGBTI+.
- Aplicativo UBER pelo seu apoio financeiro à Paradas LGBT+, por sua política de empregabilidade simpatizante e por ter afastado motoristas culpados de homofobia.
- Marca de calçados Free Love do Recife, por distribuir no Natal sandálias da grife a LGBT moradores de rua.
- Atriz Laura Cardoso, 91 anos, por declarar: “Se vejo dois homens juntos se amando, ou duas mulheres, acho normal. Ninguém tem o direito de censurar. Sempre fui assim, sem preconceito algum. ”
- Pastor Reuel Albuquerque da Silva, da Igreja Batista Nazareth, Salvador, por abençoar matrimônio de casal gay; Maikon Balbino, cantor gospel, por declarar “Deus aceita seus filhos LGBT como são”.
- Jornalista Matheus Ribeiro, o primeiro assumidamente homossexual a apresentar o “Jornal Nacional”, da Rede Globo de Goiás.
- À Confederação Brasileira de Futebol, ao Vasco pela faixa contra homofobia, Esporte Clube Bahia pela camisa da torcida gay e aos clubes de futebol da Série A pela campanha “Pior que prejudicar o seu time, é cometer um crime. Grito homofóbico não é piada, muito menos cântico de torcida. Grito homofóbico é crime, dentro e fora do estádio. Diga não à homofobia. Uma campanha dos clubes brasileiros”; ao árbitro Anderson Daronco por interromper o jogo entre Vasco e São Paulo devido aos gritos homofóbicos.
Pau de Sebo para os inimigos dos LGBT
- Grupo Integralista neofascita que atacou com bombas molotov a sede da produtora Porta dos Fundos, Rio de Janeiro, em represália a vídeo sobre Jesus Gay.
- Presidente Jair Bolsonaro, por declarar-se contrário decisão do STF que equiparou a homofobia ao crime de racismo, por vetar a presença de LGBT em publicidade do Banco do Brasil, por opor-se ao turismo gay no Brasil e por dizer que jornalista tinha uma “cara de homossexual terrível”.
- Governador de São Paulo João Doria (PSDB) por mandar recolher livros com menção a identidade de gênero e ter abortado o projeto de museu LGBT na Avenida Paulista; Prefeito Marcelo Crivella, RJ, por retirar da Bienal do Livro a obra “Vingadores: A cruzada das crianças” devido ao beijo dos heróis gays; Prefeito de Caxias do Sul, Daniel Guerra, (Republicanos), por proibir a Parada Livre LGBT no Centro da cidade; Vereadores e Prefeito de Blumenau (SC) Mário Hildebrandt, por vetar e arquivar o projeto de lei do Dia do Orgulho LGBT e Parada da Diversidade; Prefeito de Balneário Camboriú, Fabrício Sátiro de Oliveira (PSB/SC), por proibir Parada LGBT na cidade, sendo processado pelo Ministério Público por improbidade.
- Deputado Douglas Garcia (PSL, SP) por declarações transfóbicas no Plenário.
- Promotor Henrique Limongi, da 13ª Promotoria da Comarca de Florianópolis, por tentar anular 112 uniões homoafetivas nos últimos 5 anos.
- Anvisa, Ministério da Saúde, pelo veto a doação de sangue por homossexuais.
- Prof. Eduardo Lobo Botelho Gualazzi, Faculdade de Direito da USP, por afirmar que “casais LGBT são aberração”; Psicóloga Rose Fernandes de Souza, de São Bernardo do Campo, SP, por insistir no uso do termo “homossexualismo” e ter declarado a cliente gay que teria “um fim melancólico e merecia a sarjeta”.
- Padre Rodrigo Alves de Oliveira Arruda, Recife, por condenar e liderar abaixo assinado contra a criminalização da homofobia pelo STF.
- Aposentado Adel Abdo, 89 anos, S.Paulo, por atirar contra um morador homossexual, revoltado com uma festa gay no prédio, gritando “viado tem que morrer!”.
- Jornal Gazeta do Povo, Curitiba, pela publicação de editorial “Como os grupos LGBTQ estão destruindo as normas e mudando a educação” e outras matérias discriminatórias.
- Radialista Luiz Gama, da Rádio Band News de Goiânia, por comentários homofóbicos e racistas contra apresentador gay do Jornal Nacional.
- Shoping Pátio de Maceió, por impedir e levar presa a uma transexual que usava o banheiro feminino.
- Hotel Iberostar da Praia do Forte, Bahia, por recusar cama de casal a repórteres gays da Rede Globo.
- Cervejaria Saint Arnulf, Montes Claros (MG), por declarar-se “contra a militância LGBT e não teme perder clientes por isso”.