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Papa aceita saída de arcebispo brasileiro acusado de ser gay

Dom Aldo Di Cillo Pagotto também é apontado por ignorar casos de pedofilia e 'acolher' religiosos expulsos de dioceses
Acusado de acobertar pedofilia, o arcebispo da Paraíba, Dom Aldo Pagotto, teve sua renúncia ao cargo aceita nesta quarta-feira pelo Papa Francisco

. Segundo o jornal ‘Folha de S. Paulo’, o comunicado do Vaticano não dá detalhes sobre o motivo do afastamento. O mesmo religioso ítalo-brasileiro é suspeito de ter abrigado em sua diocese padres e seminaristas acusados de abusar sexualmente de menores e expulsos por outros bispos.

 
Em 2002, Dom Pagotto foi acusado pelo Ministério Público do Ceará de coagir adolescentes para que mudassem seus depoimentos a fim de proteger um frei acusado de estupro. Segundo a imprensa italiana, depois do início da investigação pelo Vaticano, em 2015, Pagotto recebeu a determinação de não ordenar padres ou receber novos seminaristas.
 
Em sua carta de renúncia, ele não fala diretamente sobre as acusações. Mas afirma que foi alvo de acusações “difamatórias” e foi “arbitrariamente exposto ao escárnio público”.Ainda diz que foi alvo de pressões e retaliações por sua postura no comando da Arquidiocese e que errou por “confiar demais” em padres e seminaristas que acolheu.
 
A Arquidiocese da Paraíba não comenta sobre as acusações de acobertamento de abusos sexuais e informa em nota que o afastamento aconteceu por motivo de saúde. A renúncia do arcebispo se tornou o caso de mais alta autoridade da Igreja Católica relacionada à pedofilia entre os de maior repercussão pública dos últimos anos no país. Com a renúncia, o posto de arcebispo fica vago até que um substituto seja nomeado.
 
O anúncio da saída do cargo ocorre seis meses após a estreia no Brasil de “Spotlight – Segredos Revelados”, vencedor do Oscar de melhor filme e que relatou em uma extensa lista escândalos de abuso sexual envolvendo um monsenhor e seis padres brasileiros de quatro cidades. Os casos em “Spotlight” citam religiosos de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Alagoas e resultaram em pedidos de perdão, prisões e condenações na Justiça.
 
Um deles é o do padre José Afonso Dé, 83, de Franca, que recebeu a maior pena, embora nunca tenha sido preso. Condenado a mais de 60 anos de prisão por abuso sexual a oito coroinhas, ele afirmou no mês seguinte ao lançamento do filme no país que estudava processar os seus produtores, pois tinha sido absolvido em sete das nove condenações de abuso.
 
Internado há pelo menos 15 dias em coma na Santa Casa de Franca devido a pneumonia e câncer de próstata, o religioso deve ter o desejo mantido por seus familiares, segundo afirmou seu advogado, José Chiachiri Neto. Os outros dois casos ainda não foram julgados. A repercussão do caso fez o então bispo de Franca, dom Pedro Luiz Stringhini, pedir perdão em nome da diocese.

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