Dom Leonardo Steiner destaca o humor e a defesa do papa em prol da comunidade LGBTQIA+, exaltando a misericórdia e acolhimento na fé
O Papa Francisco, que faleceu recentemente aos 88 anos, será lembrado não apenas por sua liderança religiosa, mas também por seu compromisso com a inclusão e a defesa da população LGBTQIA+. Dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e o primeiro cardeal da região amazônica, que participará pela primeira vez de um conclave para escolher o novo pontífice, compartilhou memórias inspiradoras sobre o papa argentino.
Para Dom Leonardo, Francisco foi acolhedor e bem-humorado, características que surpreendiam até mesmo em momentos formais. “Sempre que nos encontrávamos, ele fazia alguma brincadeira. Uma vez perguntou: ‘Vocês trouxeram uma cachacinha?’ A gente não esperava ouvir isso de um papa”, relembra o cardeal, ressaltando o jeito leve do pontífice, que também gostava de cantarolar marchinhas populares e expressar opiniões descontraídas sobre futebol.
Ousadia e misericórdia como prática de fé
Um dos maiores legados do Papa Francisco, segundo Dom Leonardo, foi colocar a misericórdia no centro da prática religiosa. Ele viveu o Evangelho de maneira transformadora, acolhendo os marginalizados e defendendo os valores da dignidade humana. Essa postura se refletiu especialmente na defesa da população LGBTQIA+, com o papa afirmando que homossexuais e pessoas trans são filhos e filhas de Deus — uma ousadia que abriu caminho para um ambiente mais inclusivo dentro da Igreja.
Além disso, Francisco promoveu uma internacionalização do colégio de cardeais, trazendo diversidade e representatividade para regiões antes periféricas, como a Amazônia. “Hoje somos 135 cardeais votantes, com realidades muito diferentes. Isso mostra uma Igreja que não é uma organização, mas um sinal do Reino de Deus”, destaca o arcebispo.
Um olhar para o futuro da Igreja
Sobre o próximo papa, Dom Leonardo acredita que o mais importante não é a ideologia, mas a capacidade de ouvir e compreender o mundo atual. “Talvez o novo papa venha da África ou da Ásia. Isso não importa tanto quanto a disposição de entender que a Igreja é feita por todos.”
Ele também chama atenção para o desafio da secularização, que afasta as pessoas da religiosidade tradicional, mas reforça a esperança, citando o exemplo dos adultos batizados recentemente em Manaus. Francisco foi, para ele, um líder que enfrentou com coragem as crises morais, especialmente as denúncias de abuso sexual no clero, e que ampliou a consciência ambiental, alertando para a necessidade de cuidar da casa comum.
Um papa do encontro e do acolhimento
Dom Leonardo finaliza sua homenagem dizendo que Francisco foi “um papa do encontro, da escuta, da esperança, da coragem e, sobretudo, do acolhimento”. Seu legado para a população LGBTQIA+ e para toda a humanidade é um convite para que a fé seja vivida com misericórdia e respeito às diferenças, valores que continuam inspirando a Igreja e a sociedade.
Que tal um namorado ou um encontro quente?