Em uma revelação surpreendente contida em seu novo livro, o Papa Francisco afirmou que contou com o apoio de seu antecessor, Bento 16, na defesa dos direitos dos casais do mesmo sexo. O livro, intitulado “Papa Francisco. O Sucessor: Minhas lembranças de Bento XVI”, que tem previsão de lançamento na Espanha nesta quarta-feira, traz detalhes de um episódio em que Francisco foi confrontado por um grupo de cardeais devido à sua posição favorável às uniões civis para casais LGBT.
Segundo o pontífice, esses cardeais o acusaram de heresia durante uma visita à residência de Bento 16, argumentando que ele apoiava o casamento entre pessoas do mesmo sexo. No entanto, Bento 16 interveio, ajudando a esclarecer a confusão e afirmou que as declarações de Francisco não configuravam heresia.
Esse apoio de Bento 16, conhecido por suas visões mais conservadoras, marca um momento significativo no pontificado de Francisco, que tem sido notável por sua abertura em relação à comunidade LGBT. Embora reitere que a Igreja Católica se opõe ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, Francisco tem defendido consistentemente que esses casais merecem proteção legal através de uniões civis.
Em dezembro do ano passado, o Vaticano, sob a liderança de Francisco, autorizou que padres abençoem casais homoafetivos. Esta decisão foi recebida com resistência por setores mais conservadores dentro da Igreja, mas o Papa insistiu que a medida não representa uma aprovação formal dos relacionamentos não heterossexuais.
Esta não é a primeira vez que Francisco menciona o apoio de Bento 16 em relação a esta questão. Em fevereiro de 2023, ele já havia comentado que Bento rejeitou uma queixa anterior sobre suas declarações acerca das uniões civis, embora sem entrar em muitos detalhes naquela ocasião.
O novo livro promete aprofundar esses aspectos da relação entre os dois Papas, oferecendo uma visão mais completa sobre como Bento 16 apoiou discretamente as iniciativas de seu sucessor, apesar das diferenças ideológicas que muitos presumiam existir entre eles.