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Papa Francisco e a voz LGBTQIA+ na Igreja Católica: avanços e desafios

Conheça como o pontificado de Francisco abriu diálogo e esperança para jovens queer católicos em Portugal e no mundo
Papa Francisco e a voz LGBTQIA+ na Igreja Católica: avanços e desafios

Conheça como o pontificado de Francisco abriu diálogo e esperança para jovens queer católicos em Portugal e no mundo

Durante as Jornadas Mundiais da Juventude em Lisboa, a jovem Catarina Barragon, de 26 anos, tomou um ato de coragem e amor: carregou a bandeira LGBTQIA+ em pleno Parque das Nações, enfrentando olhares hostis e até palavras de exclusão vindas de religiosos que não a aceitavam ali. Ainda assim, ela sentiu a força e acolhimento da mensagem do Papa Francisco, que durante a homilia deixou claro que todas as pessoas são bem-vindas na Igreja, incluindo a comunidade queer.

Para Catarina, esse gesto do pontífice foi um reconhecimento histórico. “Quando de repente tens um Papa literalmente a dar voz, a dizer que as pessoas homossexuais existem… Senti-me ainda mais vista”, relata. Sua luta reflete a transformação que o Papa Francisco trouxe para a relação entre a Igreja Católica e a população LGBTQIA+.

Um pontificado de avanços e contradições

Desde que assumiu o papado, Francisco tem sido visto como um líder visionário que tentou renovar a Igreja Católica, inclusive abrindo espaço para discussões antes tabu, como o reconhecimento das uniões de facto entre pessoas do mesmo sexo e o direito dessas pessoas de fazerem parte de uma família.

Em 2013, ele afirmou: “Se uma pessoa é homossexual e procura o Senhor e tem boa vontade, quem sou eu para julgar?”. Em 2018, reafirmou que “Deus fez-te assim e Ele ama-te.” No entanto, a trajetória do Papa também tem momentos controversos. Em 2024, por exemplo, foi criticado por usar termo ofensivo num encontro com sacerdotes e por aprovar um documento que condena cirurgias de afirmação de gênero, equiparando-as a práticas como o aborto e a eutanásia.

Jovens queer católicos e o desafio da fé

Carolina Moutela, 27 anos, filha de catequistas, é um exemplo do impacto das palavras do Papa na vida de jovens LGBTQIA+. Depois de anos de afastamento e dúvidas entre sua fé e sua identidade, a mensagem de inclusão do Papa a motivou a resgatar sua relação com a Igreja e a se tornar ativista dentro da comunidade católica.

“O ponto-chave do pontificado do Papa Francisco foi quando ele afirmou que a Igreja é de todos, todos, todos”, conta Carolina, que viu sua própria família dar passos rumo à aceitação. Para ela, o Papa foi uma transformação para a Igreja Católica, abrindo portas para grupos antes marginalizados.

Espaços seguros e resistência dentro da Igreja

Durante a JMJ, o Centro Arco-Íris em Lisboa surgiu como um espaço de acolhimento, partilha e fé para jovens LGBTQIA+, algo inédito em Portugal e que já vinha acontecendo de forma tímida em países como a Polônia. Ana Carvalho, da organização do centro, ressalta que essa iniciativa surgiu da necessidade de identificação e sensibilidade dentro da fé católica.

Porém, a resistência ainda é grande. Rafa Jacinto, pessoa não binária e dramaturgo, aponta que, embora existam padres e comunidades que acolham pessoas LGBTQIA+, muitos outros ainda rejeitam essas iniciativas, negando bênçãos e espaço para casais do mesmo sexo. Ainda assim, Rafa acredita que a Igreja precisa de todas as pessoas para se transformar e que o lugar LGBTQIA+ nela é não só merecido, mas essencial.

Esperança e cautela para o futuro

O legado do Papa Francisco deixou uma semente de esperança para que, um dia, casais LGBTQIA+ possam celebrar seus compromissos dentro da Igreja. Mas também há o temor de que esse avanço possa ser interrompido com a sucessão papal. Num momento em que direitos LGBTQIA+ enfrentam ataques crescentes no mundo, a comunidade católica queer se apoia na fé e na coragem para continuar lutando por visibilidade, respeito e inclusão.

Como destaca Rafa, “se já foi falado e deixou de estar em silêncio, isso é muito bom”. O caminho ainda é longo, mas a voz LGBTQIA+ na Igreja Católica nunca esteve tão forte e presente como agora.

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