Em artigo publicado hoje na Folha de São Paulo, o filósofo Luiz Felipe Pondé conta que o francês Blaise Pascal dividia a inteligência em dois tipos: a "geométrica" e a "finesse". O primeiro ama a pressa e os resultados eficazes, gerando deduções lógicas e generalistas e de grande alcance. Já o segundo, a finesse, é mais detalhista, sutil e foge das generalidades.
Partindo desse principio, o colunista se definiu na maior parte do tempo com a finesse. No entanto, "em nossa complexa sociedade, algumas questões são tratadas de forma grosseira porque nós temos pressa em resolvê-las ou porque queremos fazer mentiras passarem por verdades. E aí, nós caímos num frenesi geométrico", explicou.
Caindo na questão da sexualidade, Pondé contou que muitos leitores questionam sua opinião a respeito dos direitos gays. "Você é a favor ou contra os direitos gays? O frenesi geométrico tende a dar respostas afeitas ao gosto de políticas públicas e movimentos sociais. Respostas geométricas são assim: ‘sou a favor’ ou ‘sou contra’ cotas [raciais] ou direitos gays. E pronto".
Antes de dar sua resposta, digamos, no estilo "finesse", o filosofo afirmou que não vê com bons olhos os chamados movimentos sociais. "Tenho alergia a esse negócio de ‘movimentos sociais’ e suspeito muito do caráter de quem vive sempre metido neles. Não existe algo chamado ‘multidão do bem’, toda multidão é do mal (…)".
Quanto aos direitos gays, Pondé deixou para o final do artigo com "uma resposta sem pressa". "Não acho que gays devam ter direitos especiais. Leis que criminalizam gestos e palavras ‘contra os gays’ para mim são mero fascismo". Como cidadão, afirmou que a "cirurgia para troca de sexo pago pelo Estado é um abuso para o contribuinte".
O filosófo afirmou ainda que acha "uma bobagem essa coisa de ‘homoafetividade’". "É um abuso quando professores de educação sexual dão bananas para meninos colocarem camisinha com a boca, como se ser gay fosse ‘normalzinho’. Deve-se respeitar o mal-estar das pessoas diante disso, e querer ‘formar’ mentes nesse nível não é função da escola".
Por fim, Pondé conclui que gays, "sendo pessoas comuns", devem ter o mesmo direito que os outros. "O direito de casar, criar filhos e ser (in)feliz no amor e na vida como todo mundo".
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