Aliado antigo das causas gays, Ítalo Cardoso quando foi deputado costumava reservar o plenário da Assembleia Legislativa de São Paulo para abrir as comemorações do mês do Orgulho LGBT.
Agora, em sua legislatura de vereador da capital paulista, o petista foi responsável pela Sessão Solene que aconteceu na noite de ontem na Câmara Municipal em alusão ao dia do Orgulho LGBT. Após o cerimonial, que reuniu militantes e homenageou os idealizadores da primeira Parada Gay de São Paulo, o vereador concedeu rápida entrevista ao site A Capa.
Na conversa, Ítalo falou sobre a situação do projeto de lei anti-homofobia encaminhado pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM) à Câmara. O petista opinou também sobre o episódio em que nenhum vereador, ele inclusive, atendeu a um grupo de manifestantes no último dia 18/05 em protesto pelo Dia Mundial de Luta Contra a Homofobia.
Como está o projeto anti-homofobia encaminhado para a Câmara pelo prefeito Gilberto Kassab? Qual a situação dele hoje?
Vamos fazer uma reunião com vários segmentos para ver o que deve ser melhorado, como que ele está e fazer de uma forma combinada para quando aprovar ele não ser vetado. Nós não podemos aceitar mais que o projeto seja vetado. Por isso nós estamos aguardando o momento propício. Esse momento da Parada é o que traz o debate. É um bom momento pra isso.
Há algum tipo de agenda para o encaminhamento deste projeto?
N…nós ainda vamos pensar nisso. Quero crer que no segundo semestre, assim que voltar do recesso, a gente já entra com esse projeto na pauta. Quero ver se faço aqui uma audiência pública. Exatamente para abrir esse debate.
O senhor acredita que esse projeta passa aqui na Câmara Municipal?
Tem tudo para passar até porque é uma proposta que veio da prefeitura. Então ele já tem um apoio da base governista.
O senhor acha que o prefeito Kassab se interessa em aprovar o projeto?
Com certeza. Tanto que ele mandou como substitutivo àquele primeiro que foi aprovado aqui.
O senhor pretende se lançar deputado no ano que vem?
Não. Vou cumprir meu mandato de vereador. Acho que está muito bom. Gosto de ser vereador.
Por falar no prefeito Kassab… o senhor acha que o fato de a Marta ter feito aquela campanha do "Ele é casado? Tem filhos?" influenciou para ela ter perdido para ele nas eleições?
Não, não, não, não. Aquilo lá foi um erro. Parte muito pequena da população percebeu e teve isso como definidor do seu voto.
No último dia 18/05 um grupo de pessoas realizou um protesto para marcar o Dia Mundial Contra a Homofobia aqui em São Paulo. Circularam pelas ruas do centro, terminaram a manifestação em frente a Câmara e nenhum vereador desceu para recebê-los. O senhor mandou uma representante. Queria saber o que você tem a dizer sobre isso. Por que não foram? Por que o senhor não foi?
Esse tipo de manifestação, qualquer que seja ela, é sempre muito bom, como a gente brinca no futebol que tem muita paródia, combinar com o zagueiro. Eu por exemplo não estava aqui. Se eu fosse avisado antes e minha agenda comportasse com certeza eu estaria presente porque sempre estive nas manifestações. Nem sempre o fato de não estar é porque o vereador não trata com importância um evento como este.
O senhor acredita que a comunidade gay precisa de um representante político? O senhor apoia esse tipo de iniciativa, como a candidatura de uma Salete Campari, por exemplo?
Não tenho dúvida que se a comunidade LGBT votasse em um candidato ele seria eleito. Não só um. Dois, três, quantos quisesse, porque são muitos, né? Sempre fui incentivador de que saísse candidaturas do segmento porque teria mais legitimidade para falar aqui e para defender a causa.
A falta de representantes gays atrapalha ou dificulta a aprovação de projetos?
Não, não, não, não. De forma alguma. Sempre coloquei no meu mandato um espaço especial para essa questão da homofobia de combate à qualquer tipo de violência. Se não aprova… é por falta de projetos, também… Acho que eleger é importante, que o movimento precisa se perceber disso e se perceber com certeza vai eleger.