Sob proteção de 3 mil policiais, milhares de pessoas, entre gays, lésbicas e simpatizantes agitando bandeiras do arco-íris, participaram, nesta sexta-feira, 10/11, da parada do orgulho gay de Jerusalém, o evento GLBT mais polêmico e esperado do ano. Entre três e quatro mil pessoas estiveram presentes no estádio para reivindicar seus direitos. “Não se pode dizer que veio pouca gente, porque se não vieram é porque tiveram medo”, explicou uma porta-voz da Casa Aberta, representante jurídica da comunidade homossexual e organizadora do evento. A porta-voz ainda ressaltou que “no ano passado, vários participantes foram agredidos, alguns com faca, e é preciso somar a isso o fato de que houve muita polêmica este ano”. A marcha que inicialmente iria acontecer pelas ruas da cidade sagrada acabou acontecendo dentro do estádio do campus da Universidade Hebraica. A mudança aconteceu devido a dificuldade em conseguir montar um esquema de proteção também contra os palestinos, que ameaçaram uma vingança ao ataque israelense da semana passada. Além disso, a organização realizou um acordo com o governo e os judeus ortodoxos, que ao longo da semana realizaram protestos contra a parada em diferentes bairros religiosos. Com o acordo, finalmente, foi possível a realização do evento, cancelado inúmeras vezes e que tinha sua data original para o último 10 de agosto. Segundo divulgou agências internacionais, enquanto do lado de fora do estádio ecoavam gritos de protestos, dentro, predominava a dance music. O teor político do evento se fez presente. “Por que estão nos empurrando de volta para o armário? Há mais de uma forma de ser judeu”, disse Yossi Gilad, 36, de Tel Aviv, que trabalha em uma ONG, à agência de notícias Reuters. Entre as ONGs e grupos que participaram do evento, estava a Anistia Internacional (AI), que compareceu com cartazes com seguintes dizeres: “O amor é um direito humano”. Segurança Mesmo com o forte esquema de segurança que marcou a cidade, houve pequenas brigas, mas com pouca violência, como reportou a polícia local. Para manter a paz, não era permitida a entrada de judeus ultra-ortodoxos e manifestantes no local. “Ontem à noite, os rabinos decidiram que não haveria distúrbios. Ainda assim, a polícia estará preparada para lidar com distúrbios destinados a prejudicar o evento”, disse um porta-voz. A polícia ainda montou bloqueios nas vias de acesso ao estádio e interditou inúmeras ruas para impedir atentados. Protestos Durante a realização da parada, trinta ativistas gays foram detidos pela Polícia israelense em um parque, em frente às muralhas da cidade velha, onde planejavam realizar uma marcha paralela ao evento da parada. “Alguns grupos de homossexuais desobedeceram as instruções dos organizadores e, em vez de irem ao estádio, se dirigiram a parques públicos para se manifestar”, disse o porta-voz do evento. Ao abordar os manifestantes, os policiais pediram para eles entrarem nos ônibus que os levariam até o estádio onde aconteceu a parada. Eles se negaram e foram presos. Além dos militantes gays, apenas outros dois ultra-ortodoxos foram detidos nas imediações do campus. E um outro ortodoxo conseguiu subir ao palco e pegar o microfone para insultar os homossexuais.
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