Na última sexta-feira (30/07), ativistas e empresários se reuniram para escolher a nova direção da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo (APOGLBT). No entanto, não houve votação. Não existia chapa inscrita e, por conta disso, não se poderia realizar uma eleição, já que isso vai contra o proposto pelo estatuto da APO e poderia, posteriormente, se contestado na justiça.
O debate teve inicio às 18h23 quando o Alexandre do Santos, o Xande, atual presidente da Parada, deu inicio as falas. "Nunca vi essa sala assim, lotada desse jeito. Espero que agora as pessoas vejam que a APO existe e comecem a participar", protestou o presidente sob fortes aplausos. Depois, Xande explicou que não havia novos associados e que os existentes não estavam com as contas em dia. Portanto, houve consenso e todos os filiados foram anistiados.
A respeito da eleição, primeiramente levantou-se a hipótese de prorrogar a atual gestão por mais seis meses e, findado este tempo, se realizaria novas eleições com novos filiados, o que era desejado por alguns presentes. Mas, a ideia foi repudiada pelos membros fundadores da Associação da Parada Gay.
O primeiro a contestar foi Ideraldo Beltrame, membro fundador da APO. "Fazer um mandato tampão é ir contra o estatuto, é um ato antipolítico e desrespeitoso com a historia da entidade". Em seguida, Ideraldo fez uma crítica ao setor do mercado GLS que se fazia presente. "Que bom que vocês estão aqui, nós esperamos dez anos pela vinda de vocês", alfinetou.
Quem também fez críticas ferrenhas aos presentes que tinham interesse em assumir cargo na Associação da Parada foi o ativista do Grupo Corsa, Julian Rodrigues. "Não se faz nada sem respeitar o estatuto, não é por que pessoas que acham que fazem e acontecem, juntam pessoas, que podem chegar aqui e mudar as coisas. Afinal, desconhecem a história". Por fim, Julian disse que não desejaria ver a Parada transformada em "pink money".
Regina Fachinni, que já foi vice-presidente da Parada Gay de São Paulo, chamou a atenção de que não basta se filiar e "daqui a seis meses querer ser candidato". "São seis meses de trabalho, ralando e construindo propostas, não basta apenas ser filiado, tem que participar, depois disso, aí pode se começar a pensar em eleição", apontou.
A respeito de uma renovação da Associação da Parada, muito requerida por parte dos presentes, o primeiro a fazer crítica à gestão da Parada foi o jornalista e empresário André Fischer. "A Parada Gay é a principal vitrine LGBT e hoje sofre com um problema de representatividade. Eu sei que o fundamento da Parada é militante, mas discordo de que o mercado fique de fora".
O empresário Douglas Drumond, um dos entusiastas da campanha para reformulação da direção da Parada, disse que "há falta de informação" a respeito de como participar da manifestação e ainda apontou "uma falta de educação" por parte de pessoas da Parada quando novos interessados vão procurar a Associação.
Sem consenso, a eleição a foi adiada para daqui 30 dias. Ainda esta semana, a diretoria da APOGLBT deve divulgar as definições para a eleição da nova diretoria.
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