Tudo indica que a vitória do Partido Popular (PP) nas eleições da Espanha está garantida. Com pouco mais de um mês para irem as urnas, muitos gays estão correndo para os cartórios para garantirem sua união civil o mais rápido possível. Tudo isso por que o PP já afirmou irá revogar a lei que permite o casamento homossexual.
"Há muita inquietação porque não sabemos o que vai acontecer. É até compreensível que tanta gente acelere os trâmites antes das eleições temendo a chegada do PP", disse José de Lamo, coordenador da associação Lambda, que defende direitos de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais de Valência, à BBC Brasil.
Em Madri, Barcelona e Valência os pedidos de documentos para se casar tiveram um aumento de 40% em setembro com relação ao mês anterior. Nas redes sociais está rolando até um campanha alertando à chegada do partido conservador: “Case já, que o PP vem aí”.
Desde quando a união civil entre homossexuais foi aprovada, em 2005, a Espanha registrou 24 mil matrimônios. Apesar de ter dito que deve ouvir a opinião da sociedade sobre a lei que permite o casamento gay, o candidato do PP a primeiro ministro, Mariano Rajoy, disse que para ele a medida é inconstitucional.
Outras organizações fazem coro com Rajoy, uma delas é a Igreja Católica e o Fórum Espanhol da Família, que enviou um dossiê com 50 recomendações ao PP, entre elas a retirada do casamento gay.
"Nosso objetivo é o de colocar um ponto final no ciclo de políticas antifamília vividas nos últimos anos na Espanha", declarou o presidente do Fórum, Benigno Blanco.
A incerteza sobre o futuro da lei preocupa também os casais que estão em processos de adoção de crianças, já que a lei estende às famílias homossexuais todos os direitos e deveres aplicados aos heterossexuais: de pensões a custódia de filhos em comum. “Ficamos numa situação de limbo legal’, afirmou Agustín López, presidente do Coletivo de Lésbicas, Gays, Homossexuais e Bissexuais de Madri (Cogam).
De acordo com López, “os trâmites de adoção ficarão suspensos até que haja uma revogação total da lei”. Caso a lei seja revogada, “a opção será voltar ao sistema de adoção por parte de um dos cônjuges”. “Um retrocesso enorme que nos faz sentir cidadãos de segunda categoria”, declarou.