Na última quinta-feira, 12 de dezembro de 2024, Lucas Bernardo Alves, um homem trans de 27 anos, fez história ao dar à luz a sua filha, Maria Cecília, na Maternidade Escola da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), localizada em Laranjeiras, na zona sul do Rio de Janeiro, Brasil. Este nascimento marca o segundo parto documentado de uma pessoa trans realizado por meio do projeto Transgesta, que oferece um acompanhamento especializado para pessoas transexuais, travestis, transgêneros e intersexos durante a gestação.
Lucas compartilhou sua experiência positiva, destacando a importância do respeito e da compreensão que recebeu durante todo o processo. Ele não enfrentou problemas relacionados ao uso de pronomes, uma dificuldade comum enfrentada por muitos na comunidade trans. “Foi tudo super satisfatório. Estou muito feliz e satisfeito”, disse Lucas, que mesmo anestesiado, expressou sua gratidão à equipe médica pelo suporte e carinho.
Para garantir uma gravidez saudável, Lucas teve que suspender o uso do hormônio masculinizante durante a gestação, uma medida crucial para não afetar a saúde do feto. Jair Braga, chefe da Divisão Médica da Maternidade Escola, enfatizou a importância de um treinamento adequado de toda a equipe, desde recepcionistas até médicos, para evitar constrangimentos e oferecer um ambiente acolhedor para os pacientes.
O programa Transgesta, iniciado em agosto de 2024, conta com uma equipe multiprofissional que inclui enfermeiros, nutricionistas, assistentes sociais, psicólogos, endocrinologistas, nutrólogos, obstetras e psiquiatras, que colaboram na definição de um plano terapêutico individualizado e na rotina de cuidados para cada paciente.
Os interessados em participar do projeto devem procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência e solicitar encaminhamento para a Maternidade Escola da UFRJ. Este projeto é um avanço significativo no acesso à saúde para a comunidade trans no Brasil, promovendo representatividade e inclusão no sistema público de saúde.