Artista plástica, bacharel em pintura e gravura, mestre em artes visuais, professora de pintura e DJ profisisonal. Essa é Patrícia Laus Mattos, a PatyLaus, que irá representar a força feminina no Gay Day 2008 levando ao público “um set forte com electro house ácido”, como ela mesma diz.
Nesta entrevista exclusiva para o Dykerama.com, PatyLaus conta sobre o começo da sua carreira como DJ e sua opinião sobre a parada de São Paulo. Confira a seguir:
Dykerama.com – Comente sobre sua carreira como DJ.
Paty Laus: Com 19 anos trabalhei em rádio executando várias fuções, desde locução e entrevistas á programação musical. Com 24 anos comecei a dar aulas de pintura e faço isso até hoje. A partir dos 22 anos comecei a discotecar e já passei por inumeras casas e festas. Atualmente sou residente da maior Label Party do sul do país, a Perversion, realizada mensalmente na boate Concorde em Florianópolis; durante 2 anos fui residente das festas produzidas pela Babalu. Em 2007 me apresentei pela primeira vez no gay day em sampa e foi ótimo. Toquei para o Balaio de Gata em São Paulo, X-treme em Criciúma, Fabulosa em Curitiba, Dolls em Curitiba, Off Beats em Salvador, Vibe Project em Rio Claro (SP), Fusion e muitas outras. Em Floripa já me apresentei em requisitadas casas noturnas como Confraria das Artes, Vecchio Giorgio, Blues Velvet e Jivago Lounge. Meu interesse é abrir espaço em outras capitais e começar a tocar minhas próprias músicas.
Dykerama.com – Como começou a se interessar pela discotecagem?
Paty: Foi algo muito natural. Na rádio meu repertório musical cresceu consideravelmente e eu ja tinha uma noção sobre a tecnologia utilizada. Com o convite me coube estudar mais e praticar bastante. Desde 2003 eu não parei mais de escutar, estudar, praticar e agora começo também a produzir minhas próprias músicas.
Dykerama.com – Quando e como começou a trabalhar com o público gay?
Paty: Em 2003 fui convidada a residir em uma casa GLS chamada Transpoort. Eu tinha um programa de música eletrônica na rádio onde eu trabalhava, foi através da rádio que me convidaram a discotecar. Foi lá onde aprendi a mexer nos aparelhos e tive minha iniciação na tecnica de mixagem.
Dykerama.com – Sua família acompanha seu trabalho?
Paty: Na verdade eles nunca me viram tocar…acompanham de longe, ninguém suporta musica eletrônica haha..quando minha mãe vai na minha casa me visitar me chama de maluca por ficar ouvindo o que ela denomina de (tuntshi tuntshi), ou simplesmente “esse barulho”. Haha…mas eles apóiam..sabem que sou feliz fazendo isso. E como sempre de uma maneira ou de outra eu estive envolvida com artes e com musica eles não estranham tanto.
Dykerama.com – Para você, qual a relevância da Parada de São Paulo e de eventos como o Gay Day?
Paty: Na verdade ainda não pude mensurar a dimensão de uma parada como a de São Paulo. Pra ser mais sincera ainda eu acho que muito da “luta”, da “consciência” e da “politização” que deveria ser o foco principal de eventos como este se perdeu no meio do caminho.
Toda a movimentação de uma semana como a da parada gay é relevante para abrir os olhos de uma sociedade as vezes cega e ignorante. Meu receio é que dentro do próprio movimento existam pessoas tão ignorantes quanto…você me entende?
Gays heterofóbicos, lésbicas que não toleram homens, gays que não toleram mulheres, travestis que detestam mulheres e por aí vai. Parece mais fácil perceberem o preconceito de fora pra dentro do que de dentro pra fora.
Outra coisa que as vezes me preocupa é que se trata de um evento quase carnavalesco, e consequentemente a promiscuidade e a caricaturidade permanecem assim como num carnaval, daí fica dificil convencermos o resto da sociedade de que somos todos iguais. Acho sim que com eventos como o da parada gay a sociedade está cada vez mais tolerante..a questão é se os gays querem ser “tolerados” ou aceitos e respeitados. Se quisermos ser respeitados devemos começar a nos dar o devido respeito. Se quisermos ser levados a sério devemos ter uma postura mais séria perante a sociedade. É claro que a bandeira da alegria é uma das principais do movimento gay…mas não pode virar palhaçada.
Durante a parada gay muita gente se esconde atrás de fantasias, máscaras, bandeiras, asas, saltos, maquiagens, gliters, perucas, óculos…estamos na rua mas permanecemos mascarados…não axiste aqui uma parada como as da europa onde se vê o bloco dos médicos gays onde todos os médicos que se dispõem a participar saem com seus uniformes e mostrando a sociedade que os gays também atuam na área da saúde, por exemplo. Há o bloco dos politicos gays, dos professores gays, das mulheres gays que tem filhos e por aí vai. Ou seja,é uma parada politizada mostrando a sociedade que de fato somos todos iguais. Já aqui metade do povo tenta mostrar a igualdade, enquanto outra metade faz questão de provar que é diferente…acho que aqui não estamos todos unidos por um mesmo ideal e isso de certa forma enfraquece o movimento. Mas enfim…quem sou eu pra julgar, né? Eu faço a minha parte.
Dykerama.com – Pelo segundo ano consecutivo você é a única mulher a tocar no Gay Day, você acredita que as mulheres têm menos espaço?
Paty: Não, acho que as mulheres DJs tem uma boa visibilidade sim, principalmente as que estudam e levam a sério a profissão. O mercado ainda é predominatemente masculino mas já é possivel citar uma série de nomes de djs mulheres bem competentes. Talvez o que aconteça é que em geral as mulheres não se interessam muito por todos aqueles botões, ou seja, pela “ciência” da musica eletrônica. As meninas são educadas para cuidar das bonecas e da casinha, enquanto os meninos podem destruir seus brinquedos eletrônicos pra ver o que tem dentro. Desde cedo estão muito mais habituados com essas parafernalhas do que nós meninas. Tenho várias amigas que acham loucura o que eu faço e acreditam que deve ser super dificil operar as máquinas. Graças a Deus eu joguei muito futebol na minha infância e destruí alguns rádios da minha vó. haha
Dykerama.com – O que as pessoas podem esperar do seu set no sábado?
Paty: Um set forte com electro house ácido. Não vou tocar músicas comerciais nem o novo hit da Madonna (apesar de gostar muito dela). Prefiro fazer diferente.