Dirigida por Miriam Lins, a peça ‘O Amante do meu Marido’ – em cartaz no teatro Ruth Escobar até dia 30 de novembro – não sai dos clichês. A começar pelos personagens, um machão, uma mulher fútil e uma empregada gostosa. A encenação, no entanto, cumpre o proposto comercial. Abusa do senso comum e provoca riso fácil. Assim, já foi assistida por 40 mil pessoas.
A história se passa num apartamento de um casal de classe média. Espiridião (Milton Levy) é um aposentado casado com Telma (Miriam Lins), e tem o sonho de ser ator. No telefone, com um diretor, Espiridião inicia a caracterização de um personagem, mas não percebe a chegada de sua esposa. Ao ouvir a conversa, Telma começa achar que seu marido é gay e tem um caso com Arnaldo (Matheus Carrieri). A empregada Dorothy (Adelita Del Santi) apimenta a fofoca.
Durante a conversa por telefone, Espiridião imita um homossexual, ou "uma bicha" como prefere dizer Telma. Sem nenhum estudo prévio sobre a homossexualidade, o ator usa o estereótipo para criar seu "personagem". "Ai Arnaldo, eu te amo. Não me deixe!", diz Espiridão enquanto rebola, pula e coloca a mão na cintura. O personagem está muito longe de caracterizar um gay. "Como será que eu devo andar. Como uma bicha olímpica? Como uma bicha cansada, bêbada?", indaga.
O desempenho ruim dos atores e o texto fraco de Rodolfo da Rocha Carvalho se completam com a falta de senso crítico de boa parte do público, que ri de frases como "Meu marido é viado, é bicha".
Não é de hoje que rotulações desse tipo existem na comédia brasileira. O programa ‘Zorra Total’, da rede Globo, e o ‘A Praça é nossa’, do SBT, abusam desse tipo de caracterização. Uma forma grotesca de usar o preconceito vigente na sociedade para ganhar audiência.
Serviço:
O Amante do Meu Marido
Sextas e sábados 21h30 e domingos 19h30
Teatro Ruth Escobar – Sala: Gil Vicente
Endereço: Rua dos Ingleses, 209 – Bela Vista
Telefone: (11) 3289-2358
Até 30 de novembro