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Peça gay estreia nova montagem em Brasília; Leia entrevista com diretor

Estreia no próximo dia 7 de agosto, no Teatro Goldoni, da Casa D’Itália, em Brasília, a nova montagem da peça "Dois de Paus". A primeira versão do espetáculo atingiu a marca de 40 mil espectadores em apenas dois anos e foi apresentada em 50 cidades do país.

O espetáculo, uma comédia romântica urbana baseada nos encontros e desencontros amorosos contemporâneos, traz dois personagens, Júlio e Alex, que têm suas vidas transformadas depois de um contato quase casual via internet.

Escrita pelo jovem dramaturgo brasiliense Arthur Tadeu Curado (foto), "Dois de Paus" desmistifica conceitos ultrapassados relativos à homossexualidade e foge das caricaturas e estereótipos. Em entrevista ao site A Capa, o autor, que agora assume a direção do espetáculo, fala sobre os caminhos percorridos pela montagem, que estreou em 2005 na capital federal.

Em sua nova versão, "Dois de Paus", que deve virar um romance em breve, é estrelada pelos atores Breno Figueiredo e Iuri Saraiva. Confira abaixo a entrevista:

Como surgiu a ideia do espetáculo?
O espetáculo nasceu da minha vida vontade de continuar na minha pesquisa sobre as relações interpessoais, sentimentais. Quando comecei a escrever o texto do Dois de Paus minha ideia inicial nem era retratar um casal gay. Mas achei que os conflitos abordados representavam qualquer casal. E como vi que tinha essa lacuna na dramaturgia contemporânea brasileira, decidi seguir esse caminho.

Vocês percorreram várias cidades com a peça. Pode me contar como tem sido esse processo?
A versão original, que estreou em 2005, e na qual eu interpretava um dos personagens, fez turnê nacional em 2006 – fomos a 30 cidades em todas as regiões do país. Em 2007 a gente encerrou a trajetória da peça. Em 2008 vendi os direitos pra um grupo mineiro e trabalhei na adaptação do texto da peça pra um romance. Esse ano decidi sair de cena e dirigir o espetáculo, com outros atores, outro cenário, reescrevi várias cenas. É tudo novo. 

O público tem gostado da peça?
Este espetáculo tem o mérito de provocar identificação em todo mundo: héteros, gays, bi, trans, pans, jovens, velhos… Todo mundo se reconhece em algum momento. E certamente é este fator que fez o Dois de Paus o sucesso que é.

É difícil falar sobre o tema da homossexualidade sem parecer panfletário ou, pior, sem afastar o público do teatro?
Fazer teatro é um ato, por si só, panfletário e político. Mas eu, como dramaturgo, não estou aqui para levantar bandeira nenhuma: minha função é fazer um retrato verossímil desse casal gay. Não estou retratando os gays, mas, sim, um casal específico: jovem, urbano, monogâmico.

Foi difícil para os atores lidarem com o tema da peça?
É um desafio. Os atores foram preparados por etapa: primeiro fizeram um estudo intenso do texto e todas as suas camadas. Depois passaram para os exercícios de corpo com a preparadora física. Depois começamos a montar as cenas. O espetáculo, em si, não é fácil de ser feito, há muitas mudanças repentinas de tempo, algumas cenas com carinho explícito entre eles e marcações que exigem precisão. Mas tive sorte na escalação do novo elenco e eles se entregaram por inteiro ao processo. 

E quanto a patrocínios e apoios? Você sentiu alguma resistência por a peça ser gay?
Por incrível que pareça, em 2005, foi mais fácil conseguir os patrocínios. Dessa vez, quatro anos depois, houve mais resistência. Mas não posso afirmar que foi por conta da temática, pode ter sido a crise, não sei… 

Você acha que o espetáculo amadureceu depois de tanto tempo na estrada? Ele conseguiu se atualizar de alguma maneira?
É muito importante frisar que este é um novo espetáculo, uma nova versão, com várias mudanças. O texto sim se atualizou, até por conta dos atores, que são mais jovens que os personagens.

Como os gays têm sido retratados pelo teatro e pela mídia em geral?
Acho que há dois pólos quando se pretende fazer um retrato gay nos meios de comunicação: ou o super afetado ou o travado com vários problemas para se assumir. Acho que é válido o retrato do afetado e do problemático até porque eles existem, mas e os outros? O cara que é super bem resolvido com a sua sexualidade? Ou o bi? Acho que todo mundo merece ser retratado.  

O teatro pode ser um espaço para desconstruir estereótipos e fortalecer a imagem dos homossexuais?
Pode não. É. O teatro é o melhor lugar pra começar essa desconstrução desses estereótipos. É o espaço ideal pra gente falar com mais franqueza desses temas relevantes.  

Você tem mais alguma peça com a mesma temática em mente?
Na verdade não. Por enquanto, não devo fazer outra peça com a temática homossexual.

Serviço:
"Dois de Paus"
De 07 a 30 de agosto
 
Sextas, sábados e domingos, sempre às 21h
Ingressos: R$ 30,00 (inteira) – R$ 15,00 (meia-entrada, válida para estudantes, maiores de 60 anos, professores e artistas)
Local: Teatro Goldoni – Casa D’Italia – 208 Sul – Estação do Metrô 108 Sul – Brasília/DF
 
Não recomendado para menores de 16 anos
Reservas: (61) 3443-0606

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