Semana passada conversava com alguns amigos gays e novamente constatamos algo muito interessante: por que será que quando entramos em determinado local, quase sempre, temos uma facilidade imensa em olhar e identificar muitos dos homens gays que estão presentes?
Já trabalhei em lugares dos mais variados, mas para mim nunca foi fácil identificar uma mulher lésbica. Há algum tempo vi uma pesquisa sobre questões GLS em empresas de grande porte e havia quase o dobro de entrevistas de homens gays que de lésbicas. O estudioso em questão disse que as mulheres, mesmo com garantia de sigilo, se recusam a participar.
Uma vez um psicólogo me disse que isso ocorria porque os homens gays ao longo dos anos estabeleceram uma série de sinais que facilitavam que fossem percebidos, uns pelos outros, e socialmente. Já ponderei sobre a possibilidade de que até algum tempo atrás, historicamente, as mulheres não tinham direito nem a sexualidade, quem dirá a homossexualidade. Também existe a questão do duplo preconceito em relação à homossexualidade feminina, o que poderia acarretar em mais um julgo social.
Não defendo aqui de forma alguma uma saída generalizada do armário, acredito em livre arbítrio e nas escolhas que cada pessoa pode, e deve, fazer na busca da sua felicidade.
Mas mesmo assim, não consigo deixar de me perguntar: lésbicas, onde estão? Por que será que fora das baladas, barzinhos, ambientes artísticos e outros lugares específicos para esse público é tão difícil vê-las e encontrá-las? Espero que estejamos em um momento de transição, e que com a visibilidade que tem sido conferida por militantes, filmes, séries, músicas e outros, as mulheres lésbicas também se tornem cada vez mais visíveis no cotidiano, em empresas, shoppings, ruas, em lugares comuns e no dia-a-dia.
* Liliane Rocha é editora do site Diversidade Global – www.diversidadeglobal.com. MSN: mitally1@hotmail.com.