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Pelos direitos dos gays, George Michael revelou sua sexualidade

George Michael guardou por muito tempo em segredo a sua homossexualidade, mas com uma carreira sólida e de sucesso no final dos anos 1990, o cantor britânico finalmente investiu publicamente em favor dos direitos dos gays. 

+Morre aos 53 anos o cantor britânico símbolo gay George Michael
 
O artista, que morreu no domingo aos 53 anos, revelou sua homossexualidade em 1998 – após quase 20 anos de carreira – depois de ter sido preso por atentado ao pudor em um banheiro público da cidade americana de Los Angeles. 
 
Muito clara no mundo do entretenimento, sua orientação sexual, no entanto, era desconhecida do público em geral. Mais tarde, ele contou que não quis se revelar enquanto sua mãe era viva. 
 
"Para os pais, na década de 1980, ser gay costumava dizer ser soropositivo", justificou em 2007, em entrevista à rádio BBC. 
 
"Minha mãe ainda estava viva e cada dia era um pesadelo para ela pensar que eu poderia ser afetado" pelo vírus da Aids, acrescentou o artista, que diz ter se descoberto gay no final de 1980. 
 
"Na época, os tabloides eram terríveis com personalidades homossexuais", explica Peter Tatchell, um dos principais ativistas britânicos dos direitos dos homossexuais, para quem George Michael não temia apenas a reação de sua mãe. 
 
"Eles eram denegridos e sua imagem era enlameada. Ser gay era visto como um escândalo e uma vergonha". 
 
Pior: a explosão da Aids levou, segundo Peter Tatchell, a um aumento da homofobia. "O bullying contra os gays e os assassinatos de homossexuais explodiram. Foi uma época terrível para os gays, e até mesmo para figuras públicas", explica. 
 
"Se George tivesse revelado a sua homossexualidade naquela época, poderia, talvez, ter ajudado a lutar contra isso", considera Peter Tatchell. "Mas eu entendo por que ele não o fez." 
 
Seu primeiro amor, um brasileiro, vítima da Aids 
 
Durante um show no Rock in Rio, no Rio de Janeiro, em 1991, o britânico conheceu Anselmo Feleppa, um estilista brasileiro que se tornou seu primeiro amor. 
 
"É muito difícil afirmar sua sexualidade enquanto ela não te proporciona nenhuma alegria, mas fica menos difícil quando você encontra o verdadeiro amor", confidenciou o cantor em entrevista ao Huffington Post. 
 
Após seis meses de relacionamento, o brasileiro descobriu que era portador do HIV, um choque para George Michael. 
 
"Eu não podia passar por isso com a minha família, porque eu não sabia como dizer a eles – eles nem sabiam que eu era gay. Também não conseguia nem falar com os meus amigos mais próximos, porque Anselmo não queria", lembrou. 
 
Seu companheiro morreu em 1993 de uma hemorragia cerebral relacionada com o vírus. 
 
"Os céus enviaram e os céus roubaram / Você sorriu para mim / Como Jesus para uma criança", cantou George Michael em 1996, em "Jesus To a Child", uma homenagem a Anselmo. 
 
"Para meus fãs e aqueles que realmente ouviam as letras, sentia como se estivesse saindo do armário", revelou mais tarde. 
 
O elemento desencadeador foi finalmente sua detenção, em 1998, em Los Angeles, "um ato deliberado desencadeado por meu subconsciente", explicou à BBC, lamentando não ter revelado a sua homossexualidade anteriormente. 
 
"Eu não acho que teria tido a mesma carreira – o meu ego poderia não ter sido satisfeito em todas as áreas – mas eu provavelmente teria sido um homem mais feliz", considerou posteriormente. 
 
No ano em que revelou sua opção sexual, ele começou a se engajar na causa homossexual, ajudando na realização de um documentário que retrata seis jovens soropositivos. 
 
Fora dos holofotes, o artista também financiou o Terrence Higgins Trust, uma organização britânica de luta contra o HIV. 
 
"Seus dons ajudaram a moldar um mundo em que as pessoas que vivem com HIV, vivem saudáveis, livres de preconceito e discriminação", afirmou nesta segunda-feira a instituição de caridade no Facebook. 
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