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Pesquisa aponta paulistanos a favor de jogador e presidente gay

Uma pesquisa do Datafolha publicada neste domingo (19/8) na revista da Folha revela que a maioria dos paulistanos (79%) não vê problemas em um homossexual jogar futebol profissionalmente.

A pesquisa foi realizada em 9 de agosto e entrevistou 1091 moradores da capital paulista. Além da questão do futebol, o levantamento abordava ainda se na opinião dos entrevistados um homossexual pode ou não exercer cargos políticos como presidente da República, ministro, governador, além de outras profissões como militar, juiz ou promotor de justiça.

Grata surpresa: a maioria das profissões recebeu um índice de aprovação acima dos 70%. Professor foi a categoria que ficou no topo do ranking da pesquisa, recebendo aprovação de 82% dos entrevistados. Os cargos de presidente e militar empataram com 69%. Apenas em atividades ligadas à religião o quadro se inverteu: homossexuais não podem ser pastor de igreja evangélica nem padre da igreja católica para 50% e 51% dos paulistanos, respectivamente.

Alexandre Saadeh, psicoterapeuta e psiquiatra, professor da Faculdade de Psicologia da PUC/SP acredita que o índice elevado no futebol e no ensino mostra que o importante nessas atividades, para a sociedade, é a habilidade e o desempenho de quem as exerce, e não sua orientação sexual. “Entre padres, esse índice cai porque é uma atividade mais ligada a valores morais que ao talento”, afirmou.

Sobre o índice ser mais baixo na aceitação de um Presidente que um senador, por exemplo, Saadeh diz que o “grau de representabilidade” pode ter reflexo no resultado. “Um presidente representa mais um cidadão do que um senador”, declarou.

Ainda de acordo com a pesquisa, as mulheres aprovam mais (83%) os gays no futebol que os homens (76%). A maior taxa de aceitação se dá entre jovens de 16 a 24 anos (85%) e pessoas com ensino superior (92%). Os corinthianos são os mais simpatizantes, 82% dos torcedores aprovam gays no futebol. Já os são-paulinos, comumente chacoteados como “bambis”, ficam em segundo lugar, com 80%.

Um questionamento bem apropriado no meio da matéria faz-se pertinente: se para a maioria ser gay não afeta o empenho em campo, ou em outras atividades, o paulistano considera realmente preconceituoso o juiz Manoel Maximiano Junqueira Filho, responsável pela sentença homofóbica no caso Richarlyson, ou a sociedade é hipócrita?

Anete Souza Farina, professora de psicologia social do Mackenzie, respondeu: “As pessoas tendem a ser politicamente corretas em pesquisas como essa, a não exibir preconceito. A ideologia vigente é a da aceitação da diversidade. Quem não legitima essa idéia se sente excluído. Por isso seria interessante perguntar a essas pessoas se elas aceitariam um filho gay. O resultado seria diferente”.

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